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PANCITOPÉNIA – UMA MANIFESTAÇÃO POUCO COMUM DE UMA NEOPLASIA FREQUENTE
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P742 - Resumo ID: 1519
Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
Diana Pessoa, Carolina Capucho Pereira, Fátima Rocha Alves, Ana Carolina Vasques, Cláudio Gonçalves Gouveia, Luís Maia Morais, Susana Ramos Jesus, Ana Leitão, Cândida Fonseca, Luís Campos
Introdução: A neoplasia prostática é das mais comuns no sexo masculino, geralmente diagnosticada e tratada enquanto doença localizada. Existem casos menos frequentes que se apresentam já com metastização, ou ainda casos com disseminação da doença após o tratamento definitivo. Em 90% dos casos as metástases são predominantemente lesões osteoblásticas no esqueleto axial. Apresentamos um caso de envolvimento medular extenso, que tem pouca expressão na literatura. Com este caso de apresentação pouco comum pretendemos realçar a importância da marcha diagnóstica no estudo oncológico.

Caso clínico: Homem de 82 anos, autónomo, ex-fumador. Antecedentes de cardiopatia isquémica e hipertensiva, dislipidémia, Diabetes mellitus tipo 2 não insulinotratado e doença arterial periférica.
Recorreu ao Serviço de Urgência por lombalgia, perda ponderal, astenia e palidez com duas semanas de evolução. Apresentava adenopatias infracentimétricas axilares esquerdas. Analiticamente a destacar pancitopénia (anemia com anisocitose, hemoglobina 7.2g/dL, leucopenia 3700/L e trombocitopénia 95000/L), fosfatase alcalina 4252U/L, velocidade de sedimentação 91mm/h, sem alterações no proteinograma ou do restante estudo.
Por elevada suspeição inicial de doença hematológica no contexto clínico, realizou mielograma e biópsia óssea que revelaram medula óssea quase totalmente infiltrada por células não hematopoiéticas, com metastização maciça, hematopoiese residual muito escassa, e perfil imuno-histoquímico compatível com metastização osteomedular de adenocarcinoma prostático.
Tomografia computorizada revelou envolvimento ósseo difuso e próstata globosa, de contornos irregulares e francamente heterogénea (antigénio específico da próstata 318ng/mL). A cintigrafia óssea confirmou metastização óssea disseminada no esqueleto axial e periférico.
Discutido o caso com Urologia, admitiu-se neoplasia prostática com extensa metastização medular e óssea com necessidade de suporte transfusional frequente.
Iniciou terapêutica com bicalutamida e goserrelina com estabilização clínica e diminuição progressiva da necessidade de suporte transfusional. Analgesia e terapêutica com ácido zolendrónico permitiram controlo da dor.

Discussão: Apresentamos um caso com apresentação atípica que implicou diagnóstico diferencial com doença hematológica. A extensão da infiltração medular comporta elevada morbilidade tanto pela necessidade de suporte transfusional como por predisposição para infecção, comprometendo o status funcional e qualidade de vida do doente.