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QUANDO UM MAL NUNCA VEM SÓ...
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P676 - Resumo ID: 1521
Hospital Senhora da Oliveira - Guimarães
Gabriela Pereira, Ana Rolo, Isabel Trindade, Helena Fernandes, Helena Sarmento, Jorge Cotter
O derrame pleural pode dividir-se segundo os critérios de Light em transudado e exsudado. Este último, muitas das vezes constitui um desafio diagnóstico mais complexo podendo classificar-se como maligno e não maligno (exemplo: parapneumómico, tuberculoso,...).
Homem, 52 anos, antecedentes de psoríase e tuberculose pulmonar que cumpriu tratamento durante 6 meses, vem ao SU por clínica de astenia, anorexia e perda ponderal de 5Kg (estimada em 7%) com 2 meses de evolução. Referia ainda hipersudorese noturna e dor torácica de características pleuríticas à direita. Desconhecia febre.
Na radiografia de tórax apresentava derrame pleural de grande volume à direita, tendo sido realizada toracocentese diagnóstica que foi compatível com exsudado de predomínio de polimorfonucleares. Ao TC tórax apresentava “derrame pleural de médio volume. No parênquima discreta consolidação parenquimatosa decorrente de possível atelectasia resultante de derrame pleural eventualmente associado a processo infecioso.”.
Ficou internado e iniciou antibioterapia ceftriaxone e azitromicina. Após 5 dias por manutenção de febre foi escalada antibioterapia para Meropenem. Manteve-se apirético, no entanto, não teve melhoria do derrame. Ao repetir TC tórax é observável um derrame multiloculado e espessamento dos folhetos pleurais e ao resultado de uma nova toracentese diagnóstica este continua a ser exsudado mas com predomínio de mononucleares. Entretanto do rastreio séptico é isolado na expetoração um Mycobacterium Avium Complex (MAC), pelo que é iniciada terapêutica dirgida com azitromicina, rifampicina e etambutol.
Realiza-se biópsia guiada ao espessamento pleural que é compatível com pleurite reativa inespecífica. Foi tentada pleuroscopia sem sucesso por extensa aderência pulmonar à grade costal.
Contudo após 77 dias de internamento, continua a apresentar agravamento do estado geral e tem episódio de descompensação respiratória, com necessidade de transferência para o Serviço de Cirurgia Cardiotorácica de referência para realização de descorticação pulmonar e drenagem de derrame.
Com um pós-operatório sem complicações é recebido novamente no hospital de área de residência para continuação de cuidados. Ao TC tórax de controlo apresenta ainda derrame pleural de aspeto heterogéneo com bolhas de ar associadas. Posteriormente obtém-se resultado de anatomia patológica da peça intra-operatória que é compatível com neoplasia maligna fusocelular compatível com sarcoma sinovial monofásico.
É orientado para Oncologia para realização de estudo citogenético e orientação de possível terapêutica do sarcoma, assim como orientado para o dispensário para continuação de tratamento por MAC.
Em conclusão, apresenta-se um caso de um sarcoma sinovial que se trata de um tumor incomum, que atinge maioritariamente jovens e que pode aparecer em sítios sem relação com estruturas sinoviais, tal como a pleura e que dependendo da sua histoquímica podem ou não ter resposta a tratamento com quimioterápicos.