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POLIMIALGIA REUMÁTICA: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO NO DOENTE INFETADO
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P107 - Resumo ID: 1522
Centro Hospitalar de Lisboa Norte
Tiago Petrucci, Laura Pereira, Pedro Silvério António, Inês Nogueira da Fonseca, Inês Goulart, Carlos Machado e Costa
Introdução
A polimialgia reumática (PMR) é uma doença reumatológica inflamatória caraterizada por dor, edema e rigidez das articulações proximais, envolvendo as cinturas escapular e pélvica. É uma doença praticamente exclusiva do adulto, com uma incidência crescente após os 50 anos de idade e cujo diagnóstico diferencial é sempre desafiante.

Caso Clínico
Homem com 76 anos de idade, com antecedentes de hiperplasia benigna da próstata submetido a resseção transuretral da próstata no mês anterior à admissão e hipertensão arterial essencial. Foi internado inicialmente noutro serviço, por quadro de astenia e diminuição de força dos membros inferiores com mialgias intensas, sem outras queixas, nomeadamente cefaleia. Foi diagnosticada infeção do trato urinário a E. coli produtora de beta-lactamases de espectro alargado, pelo que foi tratado com meropenem durante 7 dias, sem melhoria clínica, com persistência de picos febris bi-diários e recrudescência dos parâmetros inflamatórios (proteína C-reativa máxima de 29,8mg/dL). Por suspeita de suspeita de falência da terapêutica antimicrobiana foi solicitada colaboração da equipa de Medicina Interna de ligação que, após avaliação do doente, optou pela transferência do doente para o Serviço de Medicina Interna para investigação adicional. Foram repetidos exames microbiológicos, que foram negativos. Foi realizada tomografia computorizada do corpo que não documentou alterações valorizáveis e ecocardiograma transtorácico sem imagens sugestivas de vegetações valvulares. Na avaliação laboratorial, apresentava velocidade de sedimentação de 95mm/h, procalcitonina 0.4ng/ml, PSA total 1,3mcg/L e hemoglobina de 10.2 g/dL com caraterísticas de anemia de doença crónica. O painel de auto-imunidade foi negativo, tal como as serologias infeciosas. Por exclusão de outras etiologias que justificassem o quadro e com base nos sintomas e achados laboratoriais, foi ponderada a hipótese de polimialgia reumática. Iniciou terapêutica com prednisolona 15mg por dia, com rápida resolução da clínica descrita. Teve alta após 5 dias de terapêutica e, 18 meses depois, permanece assintomático, com corticoide em baixa dose e sem anemia.

Discussão
A PMR é uma doença de difícil diagnóstico pela inespecificidade das queixas de apresentação e pela a ausência de exames diagnósticos dirigidos. A importância deste caso reside na chamada de atenção para a necessidade de uma correta integração dos elementos clínicos e laboratoriais com vista ao correto diagnóstico final e terapêutica adequada. Neste caso, a presunção inicial de infeção urinária em doente com intervenção urológica recente, mas sem sintomatologia suspeita, foi fator de confusão para o diagnóstico. É importante ter um elevado grau de suspeição desta doença, que pode ser debilitante, mas responde de forma dramática à terapêutica com corticoides.