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VIVER COM UMA BOMBA RELÓGIO
Doenças cardiovasculares - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG211 - Resumo ID: 1526
Serviço de Medicina Interna do Hospital Conde de Bertiandos - Unidade Local de Saúde do Alto Minho
Joana Fontes, Inês Grenha, João Costelha, Joana Serôdio, Elsa Araújo, Manuel Barbosa, Bárbara Sousa, Joana Silva, José Veloso, Paula Brandão
O aneurisma aórtico é menos incidente a nível torácico (6 casos por 100.000 pessoas/ano) e tem uma etiologia multifatorial: na aorta ascendente é mais comummente secundário a condições genéticas, enquanto que os aneurismas da aorta descendente são primariamente ateroscleróticos. As causas raras incluem infeções e vasculites. A maioria dos aneurismas é assintomática e diagnosticada de forma incidental.
O presente caso refere-se a uma mulher de 76 anos, autónoma, sem hábitos tabágicos, com antecedentes de IC com fração de ejeção preservada de etiologia valvular e hipertensiva em classe funcional II da NYHA. Recorreu ao SU por sintomas compatíveis com IC descompensada. Ao exame objetivo, encontrava-se polipneica, hemodinamicamente estável, com saturações periféricas em ar ambiente de 82%. A auscultação cardíaca evidenciava sopro holossistólico aórtico de grau IV/VI. Apresentava TVJ+ a 90º, pulso carotídeo hipercinético e uma massa pulsátil no cavado supraclavicular direito. Com estase pulmonar e discreto edema dos membros inferiores. Nas análises com BNP elevado (1501,8 pg/mL, N<100) e radiologicamente com evidência de cardiomegalia, silhueta aórtica aumentada e congestão bibasal. A doente foi internada por IC descompensada. Realizou ecocardiograma transtorácico que revelou uma dilatação da aorta ascendente marcada na sua porção tubular, com insuficiência aórtica severa. Solicitada angiografia que confirmou um volumoso aneurisma fusiforme da aorta ascendente com calibre máximo de 6,8 cm na porção média, 4,4cm na porção alta e 3,9cm na junção sinotubular. Perante o achado, foi proposta a orientação para cirurgia cardiotorácica que a doente recusou.
Este caso reveste-se de interesse acrescido por retratar uma situação invulgar. Trata-se de um aneurisma de evolução insidiosa, em que a manifestação inicial com IC descompensada surgiu já com uma dilatação aneurismática de grandes dimensões, em que o risco de rutura espontânea e desfecho desfavorável é muito elevado.