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SERAO OS CRITERIOS DE RISCO DE SINCOPE, AFINAL, APLICADOS NA VIDA REAL?
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - Comunicação
Congresso ID: CO133 - Resumo ID: 1529
Hospital Garcia de Orta
Alexandra Briosa, Andre Esteves, Ana Broa, Rita Miranda, Sofia Almeida, Luis Brandao
Introdução:As novas Guidelines de Síncope, lançadas em 2018 pela Sociedade Europeia de Cardiologia, defendem a importância da estratificação de risco do doente admitido no serviço de urgência(SU)com suspeita de síncope, de forma a permitir uma orientação mais cuidada do mesmo.

Objetivo: Avaliar a aplicação dos critérios de risco dos doentes(dts) com sincope no SU.

Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu dts que recorreram ao SU com sincope de Janeiro a Março 2018. Foi avaliada a população no que diz respeito a alterações clínicas e eletrocardiográficas, critérios de risco e destino final.

Resultados: Foram analisados, no total, 314 dts admitidos no SU, entre Janeiro e Março de 2018, com o diagnóstico final de síncope. Foram excluídos 151 dts por não cumprirem os critérios de diagnóstico ou por não apresentarem informação clínica disponível. Foram incluídos 163 dts, dos quais 56,4% eram do sexo feminino, com idade média de 67±20 anos. Como antecedentes relevantes, 65,6% apresentavam hipertensão arterial, 7,1% insuficiência cardíaca, 5,4% história de doença arterial coronária, 13,3% já tinha tido algum episódio de fibrilação auricular (FA) no passado e 14,7% tinha história de sincopes recorrentes.
Quando questionados acerca episódio sincopal, 68,7% referia ter sentido pródromos,16,8% atribuído a esforço após defecação, 14,7% referia posição ortostática prolongada, 13,9% durante/após refeição e 11,2% após situação desagradável. Apenas 0,7% referiam sincope durante exercício. 6,3% referiam angor (n= 9) ou cefaleias (n= 9) associados, 5,6% palpitações, 4,9% dor abdominal e 2,1% sensação de dispneia.
Ao exame objetivo, 19,7% dos doentes apresentavam alterações, nomeadamente hipotensão (11,1%), sopro cardíaco de novo (3,1%), bradicardia (3,1%) ou sinais de hemorragia gastrointestinal (1,2%). A maioria (66,3%) não apresentava alterações de relevo no eletrocardiograma. Dos restantes (n=42), 18 apresentavam bloqueio de ramo, 12 ritmo de FA, 8 bloqueio auriculoventricular de 1º grau, 3 tinham bloqueio auriculoventricular completo, 3 pausa superior a 3 segundos, 2 sinais de isquemia e 1 tinha prolongamento intervalo QT.
A maioria dos doentes foi diagnosticada com sincope reflexa (54,9% dos casos), sendo que 11,1% apresentaram hipotensão ortostática e 10,5% sincope cardíaca. Dos 33,8% dos dts que apresentaram 1 ou mais critérios de alto risco (n=49), apenas 10,2% (n=5) foram internados e 5 voltaram a ser admitidos no SU no período igual ou inferior a 1 mês. Apenas um doente com critérios de baixo risco foi internado.
Conclusão: No estudo realizado, concluímos que a estratificação do risco proposta pelas guidelines nem sempre é aplicada no SU, levando a alguns erros de orientação. Contudo, apesar da sua importância na avaliação inicial do doente, estes não devem ser utilizados de forma isolada, devendo prevalecer não só o senso clínico do profissional, assim como a história clínica e o exame físico detalhados.