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SÍNDROME DE MARINE-LENHART: UM CASO INCOMUM DE HIPERTIROIDISMO
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - E-Poster
Congresso ID: P283 - Resumo ID: 1549
Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga
Catarina Bastos, Áurea Lima, Helena Maia, Anabela Giestas
Introdução: A Doença de Graves, o adenoma tóxico e o bócio tóxico multinodular, também conhecidos como Doença de Plummer, são causas frequentes de hipertiroidismo. Não obstante, a presença simultânea de Doença de Graves e da Doença de Plummer, designada por Síndrome de Marine-Lenhart, é rara. Atualmente, a definição desta Síndrome é controversa, sendo que alguns autores contestam a sua existência.

Caso Clínico: Jovem–adulto, género feminino, 20 anos de idade, previamente saudável, sem antecedentes médicos e/ou cirúrgicos de relevo e sem toma de medicação habitual, foi encaminhada ao Hospital de Dia após recusar internamento, na sequência de episódio de Urgência no contexto de uma hepatite tóxica ao metamizol (prescrito no contexto de entorse tibiotársica). Na anamnese apresentava perda ponderal involuntária de cerca de 7Kg nos últimos 7 meses, astenia, aumento da irritabilidade e palpitações. Ao exame objetivo é de relevar a presença de pele e conjuntivas ictéricas e taquicardia de 115bpm. Do estudo realizado, o eletrocardiograma confirmou a frequência cardíaca, a ritmo sinusal, e, analiticamente, apresentava os seguintes resultados de relevo: bilirrubina total 7.89mg/dL, transaminases superiores a 30 vezes o normal, gama-glutamil transferase e fosfatase alcalina elevadas, hormona estimulante da tiroide (TSH) de 0µUl/mL e tiroxina livre (T4L) de 27pmol/L. O estudo etiológico de doença hepática foi negativo e do estudo imunológico destaca-se apenas a positividade para os anticorpos anti-recetor TSH (TRAB). A ecografia tiroideia revelou uma alteração difusa da ecoestrutura da tiroide, compatível com tiroidite/tireotoxicose, e a cintigrafia constatou uma glândula tiroideia com hiperfunção difusa e a presença de nódulo quente no lobo direito. Perante o apresentado, foi estabelecido o diagnóstico de Síndrome de Marine-Lenhart e instituída terapêutica com corticóide, propanolol e metibazol. A doente foi encaminhada para a Consulta Externa de Endocrinologia onde mantém, até à data, seguimento. Atualmente, apresenta bom controlo endócrino, já sem necessidade de corticoterapia, mas sem possibilidade para redução de antitiroideu.

Discussão: Apesar da controvérsia existente na definição da Síndrome de Marine-Lenhart, é sabido que a presença de nódulos hiperfuncionantes em indivíduos com doença de Graves é rara (1,0 -2,7%). Todavia, e porque esta Síndrome está associada a maior risco de recidiva, com consequentes implicações terapêuticas, mais precisamente pela eventual necessidade de recurso a doses mais altas de tionamidas, ao tratamento cirúrgico ou ao iodo radioativo, a presença de nódulos tiroideus ativos deve ser investigada em todos os doentes com tiroidite autoimune.