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VASCULITES: A EXPERIÊNCIA DE UM NOVO HOSPITAL DISTRITAL
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - Comunicação
Congresso ID: CO072 - Resumo ID: 13
Hospital Beatriz Ângelo
Sílvia Balhana, Inês Mendes, Maria João Batista, Carla Noronha, Francisco Araújo, José Lomelino Araújo
Introdução: A afecção de vários sistemas e a heterogeneidade clínica das vasculites coloca-as como importante diagnóstico diferencial em múltiplas ocasiões, porém, são patologias raras.

Objectivo: Este trabalho pretende demonstrar o impacto das vasculites nos internamentos de um hospital distrital recentemente implementado.

Material e Métodos: Realizada casuística de 5 anos (2013-2018), seleccionando doentes com pelo menos uma admissão por vasculite como diagnóstico primário ou secundário. Dos 46 doentes analisados, organizámos a colheita de dados por forma a caracterizar esta população; perceber a evolução da vasculite desde o início do acompanhamento até à actualidade; e caracterizar o último internamento destes doentes.

Resultados: Dos 46 doentes incluídos, 54% são homens e predominando a faixa etária entre 61-80 anos. Verificou-se maior prevalência de vasculites secundárias; doença de Behçet; e arterite de células gigantes. Por outro lado, os doentes com maior número de internamentos tinham os diagnósticos de Granulomatose com poliangeíte e Granulomatose eosinofílica que contextualizamos na complexidade e gravidade da clínica subjacente a estas vasculites.

Ao longo da evolução clínica os principais sistemas afectados foram o cutâneo/mucoso, renal, osteoarticular, hematológico e respiratório. A vasta maioria (36 doentes) necessitou de terapêutica corticóide (em pulsos e/ou oral) no decurso da doença; 25 doentes foram tratados com azatioprina, ciclofosfamida ou outro imunossupressor; 3 doentes realizaram terapêutica biológica; e 5 doentes plasmaferese. Dos 38 doentes que mantêm seguimento em consulta hospitalar, 27 doentes são seguidos em consulta de Medicina Interna - Doenças Auto-imunes.

O último internamento teve como diagnóstico principal a vasculite em 27 destes doentes; enquanto os restantes 19 doentes foram internados sobretudo por insuficiência cardíaca descompensada e/ou intercorrência infecciosa. A média de dias de internamento foi superior nos internamentos por vasculite (20,96 dias Vs 13,68 dias) demonstrando a complexidade diagnóstica e terapêutica. Este facto é também sustentado por escalas de gravidade clínica: Birmingham Vasculitis Activity Score (15 dos doentes internados pela vasculite com BVAS > 10); e pelo Five Factor Score (19 dos doentes internados pela vasculite com FFS ≥1). Foi nos doentes com escalas de gravidade superior que se verificou maior número de complicações com 3 admissões em unidade de cuidados intensivos; e 4 óbitos.

Conclusões: Destacamos a gravidade clínica com necessidade de abordagem terapêutica combinada e multidisciplinar em doentes com diagnóstico de vasculite; sendo a Medicina Interna, como trave mestra hospitalar, a especialidade mais envolvida nestes internamentos e no follow-up dos doentes em consulta.