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DOENTES CRÓNICOS COMPLEXOS – ILITERACIA E RESIDÊNCIA EM ZONAS RURAIS ?
Organização e gestão / novas formas de cuidados - Comunicação
Congresso ID: CO031 - Resumo ID: 1556
Hospital do Litoral Alentejano
Josiana Duarte, Isabel Taveira, Tiago Fiúza, Rui Seixas, Ana Cláudia Vicente, Adelaide Belo, José Sousa e Costa
Pensando nas preocupações constantes sobre-utilização do serviço de urgência e internamentos evitáveis, em Janeiro 2017, surgiu o Projeto Gestão de Caso.
Nesse projeto foram incluídos doentes com 4 ou mais episódios de idas ao serviço de urgência durante os 365 dias anteriores ou 3 ou mais internamentos no ano prévio, com 2 ou mais comorbilidades e 6 ou mais medicamentos, com objetivo de melhorar o controlo dos doentes e consequente menor utilização dos serviços de urgência, redução dos internamentos evitáveis e dos custos na saúde. Para isso foi necessária uma maior coordenação de cuidados, comunicação entre profissionais, interação com a comunidade e investimento na formação.
Apresentamos um estudo retrospetivo relativamente à população que integrou o Projeto de Gestão de Caso no ano de 2018 cujos objetivos principais foram avaliar se o grau de iliteracia e residência em zonas rurais teria influência estatisticamente significativa na sobre-utilização do serviço de urgência antes e após integração no projeto.
Trata-se de uma população com 85 doentes, 47 homens, idade média de 78 anos, dos quais 15 já faleceram.
Para efeitos de análise estatística, foram incluídos apenas os doentes com 6 ou mais de meses de integração no projeto (58 doentes; mín 6 meses, máx. 22 meses).
Relativamente aos dados anteriores à integração no projeto, utilizando o teste de Mann Whitney concluímos que a residência em zona rural é estatisticamente significativa para o aumento do número de vindas ao serviço de urgência (p=0.001). Do mesmo modo, relativamente à iliteracia concluímos que o grau de escolaridade menor ou igual à 4ª classe é estatisticamente significativo para o aumento do número de vindas ao serviço de urgência (p=0.013).
Após 1 ano do projeto, verificamos que o fato de viver em zona rural deixou de ser estatisticamente significativo (p= 0.094) e que o grau de escolaridade inferior ou igual à 4ª classe se manteve como estatisticamente significativo para o aumento do nº de idas ao SU (p=0.012).
Tendo em conta estes dados concluímos que a integração no projeto fez com que os doentes que vivem em zonas rurais recorressem menos vezes ao serviço de urgência, muito provavelmente pela deslocação do gestor de caso/cuidados de saúde à residência do doente. O grau de iliteracia manteve-se como fator estatisticamente significativo, presumivelmente porque a capacidade de entendimento das recomendações que são dadas a estes doentes possa estar comprometida, fazendo assim antever que poderão ser necessárias mais estratégias de capacitação adequadas ao grau de iliteracia.