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ACROCIANOSE – MANIFESTAÇÃO INCOMUM DE CID
Doenças oncológicas - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG220 - Resumo ID: 1557
Hospital Egas Moniz (Centro Hospitalar Lisboa Ocidental), Lisboa, Portugal
Sérgio Pereira, Ana Rita Barradas, Ana Luísa Esteves, Rita Reis, Isabel Madruga
Descrição

Apresenta-se o caso de um homem de 53 anos, com diagnóstico recente de adenocarcinoma do pâncreas com metastização hepática e trombose da veia porta, ainda sem terapêutica antineoplásica. Um mês antes do internamento diagnosticada Trombose Venosa Profunda (TVP) do membro inferior direito. Anticoagulado com edoxabano. Recorre ao SU por quadro de dor abdominal e edemas dos membros inferiores. Ao exame físico com abdómen doloroso à palpação profunda e edema assimétrico dos membros inferiores com acrocianose dos dedos (mais exuberante à direita) (figura 1). Apresentava pulsos tibiais e pediosos palpáveis (confirmado por eco doppler). Analiticamente a destacar anemia (Hb 7,2 g/dl, normocítica e normocrómica) e trombocitopenia (35000/mcL) associado a leucocitose (26400/mcL). É internado para estudo complementar. Durante o internamento, agravamento progressivo da acrocianose (figura 2) e do estudo analítico a destacar agravamento da trombocitopenia (14000/mcL), D-Dímeros elevados (> 5,0 μg/ml), tempos de coagulação normais (INR 1.6; aPTT 25,4 seg) e níveis baixos de fibrinogénio (0,68 g/L). Face aos achados clínicos e laboratoriais assumiu-se o diagnóstico de coagulação intravascular disseminada (CID) crónica em contexto neoplásico. O quadro evoluiu desfavoravelmente, tendo o doente falecido pouco tempo após o diagnóstico.

A CID é uma síndrome adquirida caracterizada pelo desequilíbrio do sistema de coagulação. Processos infeciosos, neoplasias malignas, complicações obstétricas podem ser a causa ou complicar-se de CID. Pode apresentar-se por fenómenos hemorrágicos e/ou trombóticos em função da magnitude do desequilíbrio da hemóstase e do tempo de evolução da doença subjacente. A CID crónica pode desenvolver-se de forma mais lenta e subclínica que a CID aguda, sendo que os fenómenos tromboembólicos são mais comuns na primeira. A acrocianose é uma manifestação descrita da CID crónica, embora menos frequente, e pode mesmo ser a apresentação inicial.