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A QUALIDADE DO SONO NOS DOENTES INTERNADOS NUMA ENFERMARIA DE MEDICINA INTERNA
Organização e gestão / novas formas de cuidados - Comunicação
Congresso ID: CO032 - Resumo ID: 1563
Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca
Catarina Lameiras, Marta Lopes, Afonso Sepúlveda Santos, Énia Ornelas, Maria do Céu Dória
Introdução: A evidência recente sugere que a alteração do sono nos doentes internados é frequente e responsável por potenciais consequências deletérias multisistémicas. A caracterização do sono nos internamentos é fundamental para melhorar a sua qualidade.
Objectivos: Caracterizar o sono nos doentes internados numa enfermaria de Medicina Interna e identificar os factores que interferem com este.
Material e Métodos: Estudo observacional transversal e retroespectivo, com aplicação de questionários elaborados especificamente para o estudo através dos quais os doentes avaliaram a qualidade do sono no internamento e factores envolvidos. Foi consultado o processo clínico para informação sobre a duração do internamento, diagnóstico principal, co-morbilidades e terapêutica de ambulatório e internamento.
Resultados: Foram incluídos 50 doentes com idade média de 70.3 anos. Relativamente à qualidade do sono, 44.0% reportou pior qualidade de sono no internamento comparativamente ao ambulatório, 32.0% melhor qualidade e 24.0% sobreponível. A maioria (82.0%) referiu sonolência diurna. Os principais factores perturbadores de sono identificados foram o ruído (31.1 %), realização de procedimentos como avaliação de sinais vitais, administração de medicação e colheita de sangue (18.1%), ansiedade com internamento/doença (14.2%), luminosidade (11.6%) e dor (11.6%). As principais fontes de ruído disruptivo foram os outros doentes (40.0%) e os profissionais de saúde (36.6%).
Do total de doentes, 44.0% já fazia terapêutica indutora de sono em ambulatório. Destes, 22.7% mantiveram a mesma medicação no internamento. Nos doentes não medicados previamente, foi introduzida terapêutica no internamento em 28.5%. Quando a medicação instituída foi inaugural ou diferente da habitual, as principais classes farmacológicas utilizadas no internamento foram as benzodiazepinas (50%) principalmente o alprazolam, antipsicóticos (20.8%) e antihistamínicos (16.6%).
No grupo de doentes que referiram pior qualidade de sono, o diagnóstico principal de internamento foi maioritariamente por doença cerebrovascular, neoplasia ou doença pulmonar crónica agudizada. Estes doentes tiveram internamentos mais prolongados comparativamente aos que referiram sono sobreponível ou melhor ao basal (8,5 dias vs 6,8 dias). Nos doentes que faziam indutores de sono em ambulatório e reportaram pior qualidade de sono na enfermaria, em 58.3% não foi feita qualquer medicação em internamento ou esta foi reduzida ou alterada para outra classe.
Conclusão: A perturbação da qualidade do sono no internamento de Medicina Interna foi frequente. Muitos dos factores disruptores identificados são potencialmente modificáveis. A identificação dos doentes com maior risco de perturbação do sono no internamento e dos factores responsáveis é fundamental para uma mudança na prática clínica, com implementação de intervenções farmacológicas e não farmacológicas eficazes.