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A VIAGEM DO STREPTOCOCCUS GALLOLYTICUS…
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P190 - Resumo ID: 1565
Centro Hospitalar de Tondela-Viseu
Rui Correia, Ana Catarina Carvalho, José Pedro Fonseca, Marlene Delgado, Celeste Nascimento, António Correia
Introdução:
A endocardite infecciosa é uma inflamação do endocárdio, particularmente das válvulas cardíacas. O diagnóstico é baseado nos Critérios de Duke modificados e dado a sua elevada morbimortalidade o diagnóstico precoce é fundamental. Entre os múltiplos agentes infeciosos encontra-se o Streptococcus gallolyticus, sendo que os pólipos do cólon e a neoplasia colorretal são condições predisponentes para a endocardite a esta bactéria.

Caso clínico:
Homem de 80 anos com hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, obesidade, hiperuricemia e história de colectomia segmentar por neoplasia benigna do colon (sic) há 33 anos. Quadro com 2 meses de lombalgia com irradiação para os membros inferiores, presente em repouso e parestesias nos membros inferiores. Ao exame físico: febre, sopro cardíaco, dor à digitopressão da coluna lombar com sinal de Laségne. Dos exames realizados no SU, constatou-se elevação dos marcadores de inflamação e anemia normocítica e normocrómica. O doente era portador de TC coluna lombar que mostrava lesões líticas ao nível de L3 e L4 com componente de tecidos moles, sugestivo de espondilodiscite ou lesões secundárias. Admitido em internamento para esclarecimento do quadro clínico. Do estudo analítico salienta-se: VS de 56 mm, electroforese das proteínas séricas normal, cinética do ferro com padrão inflamatório e serologias da Brucella e HIV negativas. Hemoculturas demonstram bacteriémia a Streptococcus gallolyticus, o que implicou o despiste de espondilodiscite, endocardite e de existência de lesões do cólon mediante a realização de: RM coluna lombar (alteração do sinal envolvendo os corpos e unidade intersomática L4-L5 com aspetos destrutivos das plataformas somáticas e envolvimento pré e para-vertebral com extensão aos músculos psoas, compatível com espondilodiscite), PET (alterações morfológicas sugestivas de espondilodiscite lombar em moderada actividade), Ecocardiograma transtorácico (válvula aórtica tricúspide com regurgitação moderada e vegetação aderente à face ventricular de uma das sigmóides), Ecocardiograma transesofágico (válvula aórtica com vegetação inserida na cúspide direita e destruição da cúspide esquerda, condicionando regurgitação aórtica severa), Colonoscopia (pólipos do colon que foram excisados e lesão plana no polo cecal submetida a mucosectomia, cujas histologias foram compatíveis adenoma tubuloviloso com displasia de alto grau). Concluem-se os diagnósticos de Bacteriemia a S. gallolyticus, Espondilodiscite lombar, Endocardite da válvula aórtica com insuficiência severa, Pólipos do cólon com displasia de alto grau. Cumpriu 6 semanas de antibioterapia com ceftriaxone (de acordo com TSA), com evolução clínica e analítica favoráveis inclusive hemoculturas de controlo negativas, tendo a Cardiologia encaminhado para cirurgia cardíaca.

Conclusão:
Salienta-se este caso pela importância da elevada suspeição no diagnóstico de endocardite num doente sem aparentemente factores predisponentes.