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DACRIOADENITE CRÓNICA – ENVOLVIMENTO EXTRA-INTESTINAL RARO DA DOENÇA DE CROHN
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P025 - Resumo ID: 1578
ULS Matosinhos, Hospital Pedro Hispano
Mylene Costa, Rita Peixoto, Germano Villas Boas, Andreia Vilas Boas
INTRODUÇÃO: A doença inflamatória intestinal (DII) - Doença de Crohn (DC) e Colite ulcerosa (CU) - é uma patologia inflamatória sistémica crónica com predilecção para o tracto gastrointestinal. As manifestações extra-intestinais (MEI) são comuns (UC de 12 a 35% e DC de 25-70%) e podem, muitas vezes, ser o sinal/sintoma de apresentação. As MEI envolvem principalmente as articulações, pele, fígado e olhos. O envolvimento oftalmológico ocorre em 0,3% a 13,0% dos casos de DII (1,6% - 5,4% na CU e 3,5% - 6,8% na DC). Embora as manifestações oculares mais comuns da DII sejam a episclerite, esclerite anterior e uveíte anterior, podem ocorrer outras formas de envolvimento ocular.
CASO CLÍNICO: Apresentamos o caso clínico de um homem de 38 anos, com história familiar de DII (mãe), que desenvolve um quadro de edema da palpebral superior e proptose do olho direito, de agravamento progressivo. Realizou estudo imagiológico (TC e RMN da órbita) que revelou lesão ocupando espaço com ponto de partida na glândula lacrimal. Foi submetido a exérese, tendo a histologia revelado achados sugestivos de “dacroadenite crónica”. Foi iniciada corticoterapia 1mg/kg/dia com posterior desmame gradual (dose mínima eficaz de 15 mg/dia), mas sem possibilidade de suspender por recidiva das queixas oculares. Desde então, com anemia normocítica e normocrómica (Hemoglobina 11,5-11,9g/dL) e elevação da VS (máximo: 77mm/1ª hora). Cerca de 2 anos depois, recorreu ao Serviço de Urgência por queixas de dor abdominal em moedeira, inicialmente mesogástrica e posteriormente nos quadrantes direitos; agravada com a deambulação e melhorada em repouso. Referência a episódios intermitentes de fezes moles, nos últimos meses, sem outros sintomas gastrointestinais acompanhantes. Após realização de estudo imagiológico e endoscópico com biópsia, concluiu-se tratar-se de DC com envolvimento do cólon e da válvula ileocecal, com sinais de actividade. Completado estudo analítico, a referir: ASCA IgA positivo e Calprotectina elevada 507mg/kg (normal: <50mg/kg). O doente iniciou tratamento com Messalazina e Azatioprina, com resolução das queixas.
CONCLUSÃO: O sistema ocular pode ser afetado por várias doenças sistémicas imunológicas, incluindo a DII, preferencialmente na DC. Embora as complicações oculares sejam mais comuns após o diagnóstico de DII, elas podem ocasionalmente ser a forma de apresentação. A dacrioadenite foi descrita como um sintoma de apresentação raro da DII. A detecção e o diagnóstico atempados das manifestações oculares da DII podem levar a um diagnóstico e tratamento mais precoces da doença sistémica.