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DIABETES E DOENÇA RENAL CRÓNICA – O USO DE ANTIDIABÉTICOS NA POPULAÇÃO IDOSA
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Comunicação
Congresso ID: CO179 - Resumo ID: 1580
Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
Leonor P. Silva, José Mário Bastos, Pedro Salvador, Marina Reis, Rafaela Veríssimo
Introdução:
A prevalência da Diabetes Mellitus tipo 2(DM2) em idosos tem aumentado(18%) e 50% dos portadores têm mais de 60 anos. Além disso, a DM2 em idosos associa-se a maior risco de morte prematura, outras comorbilidades e às grandes síndromes geriátricas. Alterações da função renal(FR) são frequentes em doentes com DM2, para além da redução da taxa de filtração glomerular(TFG) inerente ao envelhecimento. O controlo glicémico é um fator importante para evitar uma evolução desfavorável da FR. A escolha do anti-diabético deverá ter em consideração a FR e possíveis efeitos prejudiciais e nefroprotectores das classes farmacológicas.
Objetivo: Avaliar a utilização de fármacos anti-diabéticos nos idosos diabéticos com doença renal crónica(DRC).

Materiais e métodos:
Estudo transversal, retrospetivo, descritivo e analítico sobre doentes idosos com DM2 e DRC seguidos em consulta de diabetes num hospital central.

Resultados:
Foram analisados 143 doentes, 55,9% do sexo feminino, com mediana de idades de 75,83 anos. Nesta amostra, os doentes apresentaram uma duração média de 20 anos de DM2 e de 5 anos de DRC. A HbA1c média foi de 8,2 %(DP+/- 2,12) e a creatinina sérica de 1,53mg/dL(DP+/- 0,63), correspondendo a uma TFG de 39 mL/min(DP+/- 19).
No que concerne aos anti-diabéticos, 81,1% estavam medicados com insulina, 60,8% com inibidores da DPP4(IDPP4), 32,9% sob metformina, 12,6% sob sufonilureias(SU), 6,3% sob agonistas da GLP-1 e 4,2% sob inibidores da SGLT2.
Analisando a FR, 35,7% apresentavam um estadio IIIa, 39,7% estadio IIIb, 21,7% estadio IV e 3,5% estadio V. A HbA1c variou entre 8,07% e 8,4%, não se verificando diferenças estatisticamente significativas entre estadios de DRC(p=0,596). A metformina foi utilizada predominantemente no estadio IIIa(51%) e IIIb(35,7%) e a insulina e os IDPP4 foram amplamente utilizados, sobretudo nos estadios mais avançados da DRC(estadio IV, 90,3% e 64,5%; estadio V 60% e 80% respetivamente).

Conclusões:
A escolha do tratamento da DM2 no idoso deverá minimizar as hipoglicemias. A vigilância da FR 2 a 4 vezes por ano é recomendada na presença de níveis de creatinina no limite inferior da normalidade e em idosos.
Tendo em conta a presença de DRC, a terapêutica instituída associou-se a um razoável controlo glicémico face à faixa etária avaliada, independentemente do estadio de DRC. A segurança no uso da insulina poderá justificar a sua elevada utilização mesmo com TFG baixas. Por outro lado, a insulina pode ser útil no idoso, como agente anabolizante, reduzindo o risco de fragilidade, com melhoria cognitiva e metabólica. A metformina foi evitada nos estadios mais avançados, embora ainda seja utilizada com TFG<60mL/min. Apesar dos estudos sugerirem as SU como uma das classes mais hipoglicemiantes, ainda se verifica um elevado recurso a estes fármacos.
Este trabalho pretende reflectir sobre os fármacos anti-diabéticos da atualidade, a sua indicação e benefício quando se aborda o grupo dos idosos com DRC.