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URINOTÓRAX: UMA CAUSA RARA DE PULMÃO BRANCO EM RADIOGRAFIA TORACICA
Doenças Renais - E-Poster
Congresso ID: P794 - Resumo ID: 1583
Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia|Espinho
Telmo Coelho, Andreia Freitas, Nuno Leal, Sara Beça, Filipa Santos
Introdução

Urinotórax é uma causa rara e muitas vezes sub-diagnosticada de derrame pleural que se define pela presença de urina na cavidade pleural. Muitas vezes surge após procedimentos cirúrgicos/ invasivos em doentes com nefropatia obstrutiva.

Caso Clínico

Homem, 69 anos, internado no serviço de Medicina Interna por pneumonia de aspiração e lesão renal aguda no contexto de aspiração de vómito após crise convulsiva desencadeada por antibioterapia com quinolona.
Na admissão hospitalar realizou ecografia renovesical que mostrou uretero-hidronefrose bilateral, (42mm à direita e 27 mm à esquerda).
Apesar de optimização terapêutica doente apresentou agravamento progressivo de função renal, mantendo, contudo, diurese preservada e ausência de distúrbios iónicos.
Durante estudo realizado foi objetivado, para além do agravamento de função renal, aumento significativo de PSA, agravamento de uretero-hidronefrose bilateral e próstata de consistência pétrea ao toque retal. Por esse motivo foi pedida observação por Urologia que realizou biópsia prostática e colocação de nefrostomia direita.
Foi realizada tomografia computorizada (TC) abdomino-pelvica para estadiamento local de neoplasia que mostrou próstata sem alterações imagiológicas de relevo e derrame pleural esquerdo ´de novo”. A radiografia torácica confirmou pulmão branco à esquerda.
Fez-se toracocentese diagnóstica tendo a análise de líquido pleural revelado a existência de urinotórax (líquido amarelo citrino, pH 7.37, rácio de Creatinina pleural/sérica de1.3).
Dada ausência de melhoria clínica repetiu TC toraco-abdominopélvica que identificava dilatação de ambos os sistemas excretores, evidenciando mau funcionamento da nefrostomia, havendo uma coleção na topografia do espaço perirenal esquerdo posterior, estendendo-se para o espaço perirrenal sugerindo um urinoma. Na parede torácica esquerda foi identificada coleção líquida medindo 11 x 2,7 cm correspondendo a extensão do provável urinoma ipsilateral.
O doente foi submetido a colocação de nefrostomia esquerda e toracocentese evacuadora com melhoria clínica e imagiológica em radiografia torácica de controlo.
Após resultado anatomopatológico de biópsia prostática (adenocarcinoma da próstata, Gleason 7) o doente foi transferido aos cuidados da Urologia. Realizou ainda cintigrafia óssea que revelou foco de hiperatividade na cabeça/colo do fémur esquerdo sugestivo de metástase óssea. Apresentado em consulta de grupo oncológico foi decidido iniciar bicalutamida com intuito paliativo.
Durante restante internamento teve recuperação gradual de função renal para valores normais tendo tido alta para consulta externa de Urologia e Oncologia.

Discussão

Os autores destacam a raridade da entidade retratada tendo sido possível realizar diagnóstico devido a uma elevada suspeição clinica de neoplasia prostática em doente com lesão renal aguda obstrutiva com ausência de melhoria após algaliação apesar de débitos urinários adequados.