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FIBRILHAÇÃO AURICULAR E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: UMA RELAÇÃO PRESERVADA
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO159 - Resumo ID: 1593
Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Hospital de Faro
Hugo Costa, Adriana Quitério, Teresa Silva, Ana Baptista, Eva Lourenço
Introdução: A fibrilhação auricular (FA) e a insuficiência cardíaca (IC) são duas entidades cada vez mais prevalentes na população em geral coexistindo frequentemente e partilhando fatores de risco e aspetos fisiopatológicos que podem levar a um agravamento clínico e de prognóstico. Esta relação está entre os diagnósticos cardiovasculares mais comuns à admissão hospitalar, e estudos mais recentes revelam um maior impacto nos doentes com IC com fração de ejeção preservada (IC-FEp).
Objetivos: Determinar o número de doentes internados por insuficiência cardíaca agudizada (crónica ou de novo), num único dia, nos serviços de Medicina Interna de um hospital central. Caracterização da população e patologia (fração de ejeção – FE) bem como a coexistência de FA, brain natriuretic peptide (BNP) à admissão, classe funcional da New York Heart Association (NYHA) e morbi-mortalidade.
Métodos: Estudo retrospetivo analítico descritivo com colheita de dados 15 dias após a referida data. Criados 3 grupos com base na FE documentada por ecocardiografia: IC-FEp- IC com FE preservada (≥50%); IC-FEmr- IC com FE moderada (40-49%); IC-FEr - IC com FE reduzida (<40%). Foi aferida a coexistência de FA com técnica electrocardiográfica (ECG), o valor de BNP (se entre 100-500 pg/ml ou acima de 500pg/ml) pela consulta dos resultados analíticos à admissão, e a morbi-mortalidade através dos estadios clínicos basais de acordo com a classificação funcional da NYHA e registos de óbito.
Resultados: Identificados 50 doentes de um universo de 188 com idades compreendidas entre 58 e 96 anos (média de 82), sendo 52% do sexo feminino. Entre estes, 30% apresenta IC-FEp, 6% IC-FEmr, 20% IC-FEr, 44% com FE desconhecida. Da amostra, 20 com diagnóstico de FA, sendo que 30% destes com IC-FEp, 5% com IC-FEmr, 25% com IC-FEr, 40% com FE desconhecida. Dentro do grupo IC-FEp com FA, 66% apresentaram BNP entre 100 e 500 pg/ml, 66% estariam em classe ≥ III de NYHA e 33% desconhecido, verificando-se mortalidade de 16%. O grupo IC-FEmr com FA é composto por 1 doente com BNP à admissão >500 pg/ml, em classe NYHA II. Dentro do grupo IC-FEr com FA, 60% apresentaram BNP ≥500 pg/ml, 100% em NYHA II, sendo que não se verificou mortalidade à data de colheita de dados.
Conclusões: Verifica-se que 40% dos doentes apresentam overlap de IC e FA. Existem poucos estudos que determinam a relação entre FE e FA e o seu prognóstico. O grupo de doentes com IC-FEp e FA concomitante apresentou valores de BNP mais reduzidos (100-500 pg/ml) e morbi-mortalidade mais elevada, já que estariam mais sintomáticos (NYHA de base ≥III) e registaram maior mortalidade. Tendo em conta o elevado número de doentes não caracterizados, torna-se essencial um maior rigor nos registos clínicos no futuro, já que esta avaliação poderá ter impacto no tratamento e prognóstico.