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ANEURISMA DA AORTA ASCENDENTE: RELEMBRAR PARA NÃO ESCAPAR.
Doenças cardiovasculares - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG225 - Resumo ID: 1595
Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga
Carlos Rodrigues, Leonor Naia, Andreína Vasconcelos, Inês Vidal, Bernardo Cunha, Rita Simões e João Fonseca
Homem, 89 anos, admitido no Serviço de Urgência (SU) por desorientação e agitação psicomotora de início súbito, com cerca de 4h de evolução. Antecedentes pessoais de hipertensão arterial e hiperplasia benigna da próstata, medicado com lercanidipina, tansulosina e losartan/hidroclorotiazida. Ao exame objetivo, apresentava-se consciente, desorientado e agitado, corado e hidratado, apirético, euglicémico, hipotenso, com frequência cardíaca de 100 bpm, sem outras alterações. Análises normais. Três horas após admissão hospitalar, iniciou alteração súbita do estado de consciência, pontuando 3 na Escala de Coma de Glasgow, com desvio oculocefálico esquerdo, respiração de Cheyne-Stokes, ingurgitamento jugular, hipotensão marcada, taquicardia, pulsos débeis e má perfusão periférica. O electrocardiograma mostrou ritmo sinusal, com inversão da onda T nas derivações laterais e o ecocardiograma trans-torácico um aneurisma da aorta ascendente associado a derrame pericárdico. A angiotomografia toraco-abdominal confirmou o aneurisma e identificou foco de rotura na base, com drenagem pericárdica ativa a condicionar tamponamento cardíaco. Pelo elevado grau de dependência do doente, a instabilidade do quadro, a elevada taxa de mortalidade associada e distância ao hospital de referência, optou-se por não se instituir medidas terapêuticas invasivas, vindo o doente a falecer 6h após a sua entrada no SU.
As complicações associadas aos aneurismas da aorta ascendente apresentam uma elevada taxa de mortalidade nos idosos com esta patologia, principalmente devido à sua apresentação inespecífica e progressão rápida e fatal. O diagnóstico atempado da ruptura requer elevada suspeição clínica e assenta na realização da angiotomografia, que permite o triple-rule-out entre patologia coronária, aórtica e vascular pulmonar. O sucesso terapêutico desta entidade implica a imediata correcção cirúrgica, constituindo a pericardiocentese uma forma emergente de controlo temporário do tamponamento cardíaco.