Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E.P.E.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: O timoma é a neoplasia primária mais comum do mediastino anterior mas representa menos de 1% das neoplasias do adulto. O quadro clínico habitualmente é inespecífico podendo cursar com tosse, dispneia, dor torácica ou perda ponderal, podendo mesmo ser um achado incidental em exames radiológicos de rotina . A maioria dos doentes têm entre 40 e 60 anos e não há diferença significativa entre os sexos. Contrariamente a outras neoplasias, o diagnóstico de malignidade não é dado pela histologia mas sim pelas características de invasão da cápsula e das estruturas adjacentes. CASO CLÍNICO: Mulher de 52 anos, sem antecedentes pessoais de relevo, com sensação de cansaço para esforços moderados, ortopneia e tosse irritativa com 2 semanas de evolução. Referência a perda ponderal de cerca de 9Kg nos últimos 3 meses. Radiografia de tórax com alargamento do mediastino que condicionou a realização de tomografia computadorizada torácica que revelou volumosa formação tumoral neoplásica sólida com captação de contraste com 88x66 mm ocupando todo o mediastino superior e anterior desde a base do pescoço até ao nível do hilo esquerdo com invasão das cavidades cardíacas direitas e derrame pericárdico. Ecocardiograma transtorácico com derrame pericárdico moderado, sobretudo junto à parede livre do ventrículo esquerdo com cerca de 12 mm, volumosa massa 38X28 mm dentro do ventrículo direito com extensão à aurícula direita, sem compromisso aparente do enchimento deste ventrículo, estendendo-se desde a válvula tricúspide até ao trato de saída do ventrículo direito ocupando na porção média do ventrículo grande parte da cavidade do mesmo. Realizada pericardiocentese de 1750 cc de líquido compatível com exsudado. Biópsia de massa por mediastinoscopia com diagnóstico histológico de timoma B2/B3. Clinicamente em estadio IV. Avaliada por Cirurgia Cardiotorácica que admitiu massa irressecável. Neste seguimento foi orientada para quimioterapia neoadjuvante. DISCUSSÃO: Este caso alerta para que o timoma pode mimetizar uma diversidade de doenças com sintomas compressivos e que muitas vezes os doentes manifestam sintomas apenas numa fase avançada da doença. Nos casos de doença localmente avançada, o tratamento baseia-se numa abordagem multidisciplinar, sendo que o tratamento sistémico como a quimioterapia e a paliação de sintomas são fulcrais.