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CETOACIDOSE DIABÉTICA: CASUÍSTICA DE UMA UNIDADE
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Comunicação
Congresso ID: CO180 - Resumo ID: 1614
Unidade Local de Saúde de Matosinhos - Hospital de Pedro Hispano
Francisco Simões de Carvalho, Joana Lima Ferreira, Carolina Guedes
[Introdução] A cetoacidose diabética (CAD) é uma complicação potencialmente fatal, mas evitável, da diabetes mellitus (DM). Nos últimos anos, o número de internamentos por CAD parece estar a aumentar. Os fatores desencadeantes de CAD mais frequentes são infeção, cirurgia, trauma, isquemia do miocárdio, pancreatite e incumprimento terapêutico. Apesar de períodos de internamento relativamente curtos, as admissões por CAD, pelas suas particularidades, representam custos significativos para os sistemas de saúde.

[Objetivo] Analisar globalmente a população de doentes internados por CAD, quanto às características demográficas, aos fatores desencadeantes, terapêutica prévia, duração do internamento e orientação à data de alta.

[Material e Métodos] Estudo retrospetivo com análise descritiva dos doentes admitidos numa Unidade de Cuidados Intermédios, com diagnóstico principal ou secundário de CAD, entre setembro de 2011 e julho de 2018. Foram usados registos do processo clínico. A análise estatística foi efetuada recorrendo ao SPSS. Na subanálise recorreu-se ao teste de Mann-Whitney U.

[Resultados] Identificaram-se 83 doentes, idade 44,3+/-19,4 anos e 57,8% sexo feminino. Cerca de metade dos doentes tinha diagnóstico prévio de DM tipo 1, 10% diabetes inaugural e os restantes com DM tipo 2 conhecida. Apresentavam um tempo desde o diagnóstico de DM 13,4+/-11,1 anos, estando 75% insulinotratados à data de admissão. Verificou-se uma duração média de internamento (DMI) de 6,1+/-4,7 dias. Os fatores desencadeantes de CAD, por ordem de frequência, foram: 45% incumprimento terapêutico (DMI 4,6 dias); 30% infeção (DMI 8,6 dias); 18% indeterminado (DMI 4,6 dias); 6% fármacos (DMI 9,3 dias); e 1% pancreatite (8 dias). Verificou-se que o tempo de internamento nos episódios de CAD desencadeados por infeção é estatisticamente superior quando comparado com outras causas (8 vs 4 dias, p=0,002). À data de alta, a maioria dos doentes foi orientado para a consulta externa.

[Conclusões] Embora nos últimos anos o foco principal se tenha voltado para as complicações cardiovasculares da DM, as emergências hiperglicémicas continuam a condicionar elevadas taxas de morbilidade para os doentes e a representar custos elevados para os sistemas de saúde. Por um lado, a infeção é o fator desencadeante de CAD com maior impacto na duração do internamento hospitalar. Por outro, o incumprimento terapêutico foi o fator mais frequentemente identificado no nosso centro, que, em conjunto com a infeção, representam ¾ de todas as admissões por CAD. Neste sentido, este trabalho permitiu a implementação de medidas para melhorar a adesão terapêutica e um protocolo de tratamento de CAD.