Dinis Sarmento, Filipa Leal, Teresa Mendes, Diana Anjos, Anabela Silva, Mari Mesquita
No exercer da atividade assistencial da Medicina Interna, os sintomas respiratórios representam um volume importante das queixas apresentadas pelos doentes. A tosse, por si só, pode ser um sintoma extremamente desafiante pela sua frequência, duração e variabilidade de síndromes e patologias a que se pode associar, enquadrados num largo espectro de gravidade.
Este trabalho vem a propósito de um caso clínico de uma paciente de 62 anos, autónoma, com antecedentes de depressão e patologia osteoarticular, medicada habitualmente com Loflazepato de etilo, que recorreu ao SU por quadro de tosse com expectoração mucopurulenta, por vezes com raios hemáticos, com 3 semanas de evolução associada a dor torácica de características pleuríticas. Nos últimos 15 dias, com 3 episódios de SU, onde apresentava aumento frustre dos marcadores inflamatórios sistémicos e telerradiografia torácica sem evidência de hipotransparências sugestivas de massas ou condensações. Neste contexto, medicada com 2 ciclos de antibioterapia e terapêutica broncodilatadora. Apresentou resolução dos sintomas relacionados com a produção brônquica, contudo sem melhoria da tosse e dor torácica pleurítica. No terceiro contacto com os serviços de urgência, decidia realização de Tomografia Computorizada que evidenciou importante hérnia de deslizamento do hiato esofágico, com presença de todo o estômago em topografia intratorácica.
A doente teve alta medicada com inibidor da bomba de protões e encaminhamento para consulta externa de cirurgia geral.