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NEM SEMPRE É ´ESSENCIAL´ - A PROPÓSITO DE UMA EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P172 - Resumo ID: 1623
Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa
Filipa Leal, Margarida Bela, Ana Silva Rocha, Ana Filipa Pires, Dinis Sarmento, Luís Nogueira, Miguel Maia, João Vasconcelos, João Almeida Pinto, Mari Mesquita
INTRODUÇÃO: Causas de hipertensão arterial (HTA) secundária têm uma prevalência de 5-15%, sendo a HTA renovascular uma das mais comuns (1-10%). A displasia fibromuscular é uma causa rara de HTA renovascular, presente em 10% dos casos. Assim, é um diagnóstico a considerar, em especial em doentes jovens do sexo feminino, sem outros fatores de risco cardiovascular (FRCV).
CASO CLÍNICO: Mulher, 53 anos com antecedentes de trombocitemia JAK2 positivo e litíase biliar, sem FRCV conhecidos. Sem medicação habitual ou alergias conhecidas. Recorreu à urgência (SU) por cefaleia de agravamento gradual com 2 dias de evolução, associada a HTA (220/130mmHg). Não referia dor torácica nem apresentava clínica de insuficiência cardíaca (péptido natriurético normal). O eletrocardiograma não tinha alterações de isquemia aguda, nem critérios de hipertrofia do ventrículo esquerdo e não houve subida dos marcadores de necrose miocárdica. A tomografia computorizada (TC) cerebral não apresentava alterações agudas nem crónicas. Do estudo analítico no SU de destacar lesão renal aguda.
Do estudo realizado no internamento destaca-se, ausência de dislipidemia e diabetes, função tiroideia normal e ausência de proteinúria. Após controlo tensional, obteve-se resolução da lesão renal e da cefaleia. O estudo imunológico foi negativo. O ecocardiograma excluiu hipertrofia ventricular esquerda e outras alterações.
A ecografia-doppler e a angioressonância das artérias renais revelaram uma estenose significativa no terço médio da artéria renal esquerda, com 10 mm de extensão. Acresce um hiperaldosteronismo hiperreninémico. Discutido caso com o Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, admite-se diagnóstico de HTA renovascular. A paciente é submetida a angiografia por subtração digital, que confirma o diagnóstico de displasia fibromuscular (DFM). Por se encontrar numa angiosuite híbrida realiza no imediato angioplastia percutânea por balão, que decorre sem intercorrências. Dado o diagnóstico de DFM, foram excluídas alterações vasculares nos vasos carotídeos extracranianos e vertebrais por meio de RM.
A resposta imediata ao tratamento foi positiva: controlo tensional adequado sob ramipril 2,5mg e amlodipina 10mg. Um ano após o procedimento, a doente encontra-se assintomática, sem evidência de re-estenose, com perfil tensional controlado sob losartan 50mg.
CONCLUSÃO: Na presença de paciente do sexo feminino, caucasiana, na ausência de FRCV e de evidência de doença aterosclerótica noutros territórios, associando o padrão imagiológico (estenose do terço médio da artéria renal, sem atingimento do óstio), admite-se estenose da artéria renal em contexto de displasia fibromuscular focal da média. A identificação precoce desta entidade permite o tratamento endovascular com resolução do quadro numa grande maioria dos doentes.