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SÍNDROME DE ENCEFALOPATIA POSTERIOR REVERSÍVEL UNILATERAL: UM CASO RARO.
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO078 - Resumo ID: 1626
1Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de São João, Porto 2Serviço de Endocrinologia, Centro Hospitalar de São João, Porto
1Clara Gomes, 2Marta Canha, 1Pedro Rodrigues, 1Neuza Soares, 1Inês Silva, 1Jorge Almeida
Introdução: A Síndrome de Encefalopatia Posterior Reversível (PRES) é uma condição caracterizada por edema vasogénico subcortical, tipicamente reversível e localizado nos lobos parietoccipitais. No entanto, estão descritas variantes com diferentes padrões de atingimento encefálico, sendo extremamente raros os casos de PRES unilateral. A hipertensão arterial é um dos cenários clínicos mais associado ao PRES. Caso clínico: Homem de 55 anos, com história de etilismo crónico e crises convulsivas há 4 anos atrás (em contexto de abstinência alcoólica), abstinente desde há 5 anos; diabetes insulinotratada; tuberculose pulmonar no passado e aspergilose pulmonar crónica sob tratamento com itraconazole. Foi admitido por suspeita de acidente vascular cerebral (AVC) em território da artéria cerebral média direita, sendo ativada a Via Verde do AVC (VVAVC). Pontuava 18 na escala de AVC da National Institute Health. A tomografia computorizada (TC) e angio-TC não mostraram lesões isquémicas ou hemorrágicas agudas, nem oclusão de grande vaso. Não foi realizada trombólise por se encontrar fora da janela temporal (~4h). Por recuperação parcial de défices, foi admitido em enfermaria. Na manhã seguinte, apresentava plegia dos membros esquerdos, sendo reativada a VVAVC. A pressão arterial era de 180-199/80-90 mmHg. A TC e angio-TC, agora com ~20h de evolução desde o início dos sintomas, não mostraram sinais de isquemia aguda ou oclusão de grande vaso. O eletroencefalograma (EEG) mostrou atividade lenta temporoparietal direita, sem atividade epileptiforme. Ao final da tarde teve pico febril (38.4ºC). Do estudo realizado: proteína C-reativa (PCR) de 51,4 mg/L, sem leucocitose; líquido cefalorraquidiano (LCR) com 10 células/uL e proteinorráquia 1.07g/dL; sem consumo de glicose. Iniciou ceftriaxone, ampicilina e aciclovir. Pelas 23h, teve crise tónico-clónica generalizada, sendo admitido em unidade de cuidados intermédios. A pesquisa do vírus herpes-simplex no LCR foi negativa, assim como o restante estudo microbiológico. Fez no total 1 dia de aciclovir e 5 dias de ampicilina. A ressonância magnética (RMN) cerebral mostrou edema vasogénico sucortical em todo o hemisfério direito, assim como áreas de edema citotóxico, alterações compatíveis com PRES unilateral. O doente evoluiu com recuperação rápida e progressiva dos défices, não tendo recorrência de crises epilépticas ou febre. A RMN realizada 8 dias mais tarde mostrou redução franca das alterações radiológicas, persistindo edema frontoparietal direito em pequena extensão. À data de alta, apresentava muito discreta redução de força muscular ao nível do ombro esquerdo. Conclusão: Apresentamos um caso raro de PRES unilateral e cuja clínica foi mimetizadora de AVC. O diagnóstico de PRES é difícil, pela sua raridade e variabilidade de apresentação, sendo sustentado pelos achados radiológicos e apoiado pela sua natureza reversível. São necessários estudo adicionais para esclarecimento da etiopatogénese desta entidade.