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UMA COMPLICAÇÃO RARA DA TROMBÓLISE
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P176 - Resumo ID: 1633
Centro Hospitalar Tondela Viseu
João Pinto Machado, Sofia Martins, Ricardo Lavajo, Nuno Monteiro, Marta Mós, Pedro Ribeiro, António Correia
Introdução:
A trombólise endovenosa com alteplase, no Acidente Vascular Cerebral Isquémico com menos de 4,5h de evolução, provou benefício no prognóstico funcional dos doentes.
Apesar das contraindicações estarem já bem delineadas, por vezes ocorrem complicações decorrentes do procedimento, sendo a mais comum a transformação hemorrágica.
Caso clínico:
Deu entrada na sala de emergência um homem de 84 anos de idade, previamente autónomo. Antecedentes conhecidos de hipertensão arterial.
História de ter sido encontrado sem capacidade de verbalização e com défice de força no hemicorpo direito pelas 9h. Havia sido visto no seu estado habitual pelas 7h.
Ao exame, encontrava-se com tensão arterial 125/65mmHg; frequência cardíaca de 70 bpm e boa saturação em ar ambiente. Auscultação cardíaca rítmica. Apresentava afasia global, parésia facial central direita, e hemiparésia direita com força grau 3 no membro superior e grau 4 no membro inferior. NIHSS 17.
Fez tomografia computadorizada (TC) crânio sem lesão hemorrágica ou isquémica aguda. Angio-TC sem oclusão de grande vaso. Iniciou trombólise com alteplase 63mg (6mg de bólus). Tempo de ativação VVAVC-agulha 25 minutos. Procedimento sem intercorrências, com NIHSS pós-procedimento de 8.
Na Unidade de AVC, pelas 17h30, iniciou quadro de hipotensão e taquicardia sinusal, com dor e distensão abdominal. Realizou estudo analítico que revelou queda de Hb de 17 para 12g/dL. Realizou ecografia abdominal que mostrou “moderada quantidade de líquido intrabdominal localizado sobretudo no espaço de morrison e goteira perietocólica direita”. Fez reversão de fibrinólise com plasma fresco congelado e transfusão de concentrado eritrocitário.
Realizou Angio-TC abdominal: “após a administração do produto de contraste observa-se apenas captação do baço ao nível do tecido esplénico peri-hilar, o restante parênquima é uma larga área hipodensa e heterogénea. Aliás, a prática totalidade da área esplénica está ocupada por sangue. Embora não se demonstre sangramento ativo, deverá traduzir seguramente um volumoso hematoma”
Após observação pela equipa de cirurgia, e uma vez que não se identificou foco hemorrágico, optou-se por tratamento conservador.
Conclusão:
Apresenta-se este caso com o objetivo de alertar para outras complicações do tratamento trombolítico, que por vezes podem passar despercebidos aos clínicos. Apesar das suas complicações, o tratamento com alteplase continua a ser uma arma importante no combate a morbilidade causada pelo Acidente Vascular Cerebral Isquémico.