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CAUSA RARA DE DOR LOMBAR – UM CASO DE TROMBOSE DA ARTÉRIA RENAL
Doenças Renais - E-Poster
Congresso ID: P795 - Resumo ID: 1634
Hospital Beatriz Ângelo
Joana Isabel Marques, Sara Mendonça Freitas, Ana Grilo, Fernando Martos Gonçalves
A dor lombar está nos 5 motivos principais de recurso ao serviço de urgência, com prevalência 3.67-5.18% enquanto motivo de admissão. O diagnóstico diferencial inclui entidades de elevada prevalência como patologia osteoarticular e musculo-ligamentosa, neurológica, infeciosa, gastrointestinal, renal, entre outras. As causas renais mais associadas a dor lombar são a obstrutiva ou infeciosa.
A trombose da artéria renal é incomum mas responsável por morbilidade significativa. A manifestação mais frequente é a dor abdominal ou lombar e em menor frequência hematúria, náuseas, vómitos, febre ou hipertensão pelo que constitui um desafio diagnóstico.
Caso clínico
Apresenta-se o caso de um homem de 43 anos de idade, com história de hipertensão arterial e rim em ferradura. Recorre ao serviço de urgência por dor lombar / flanco direito, de elevada intensidade associado a náuseas e um episódio de vómito alimentar, sem febre, alterações da coloração da urina, disúria, alteração do trânsito intestinal ou outros sintomas. Analiticamente com elevação da creatinina face a avaliação prévia, sem elevação de parâmetros inflamatórios. A ecografia renal não mostrou presença de cálculos ou ureterohidronefrose. Por persistência de queixas álgicas apesar da terapêutica sintomática foi solicitada TC-abdomino-pélvica com contraste para melhor caracterização de sintomatologia que revelou rins em ferradura e trombose da artéria renal direita com enfartes confluentes na metade superior do rim direito e pequeno trombo na veia renal direita.
No internamento iniciou terapêutica hipocoagulante e foi realizada investigação etiológica dirigida, que excluíram causas anatómica, ateromatosa, embólica, neoplásica, inflamatória, infeciosa ou trombofilica. Assim, destaca-se: ANA, anticoagulante lúpico, anticardiolipinas e anti-glicoproteínas negativas; fator V de Leiden normal; HIV, hepatite B e C negativos bem como serologias para CMV, EBV, Herpes Zoster, Parvovírus e VDRL. Mais tarde completou o estudo trombofílico (homocisteína, antitrombina III, proteína C e S dentro dos parâmetros da normalidade). Eletrocardiograma em ritmo sinusal e o ecocardiograma transtorácico e posteriormente o transesofágico não mostraram alterações e excluíram foco embólico. Repetiu avaliação imagiológica que excluiu presença de lesões sugestivas de lesões neoformativas, persistindo área de enfarte no polo superior do rim direito e trombose da artéria parcialmente repermeabilizada.
Assumiu-se trombose da artéria renal idiopática e doente manteve hipocoagulação em ambulatório sem intercorrências.
Discussão
A ida ao serviço de urgência por dor lombar é uma realidade diária. A trombose da artéria renal rara e apresenta-se de forma inespecífica pelo que constitui um desafio diagnóstico a considerar em casos de maior refratariedade analgésica e para o qual não é identificada uma causa. Apesar de não ser determinada uma causa etiológica, este caso demonstra um diagnóstico raro e com estudo etiológico detalhado