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OS INIBIDORES DA SGLT2 NA CONSULTA DE DIABETES
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Comunicação
Congresso ID: CO182 - Resumo ID: 1640
Hospital do Litoral Alentejano
Josiana Duarte, David Campoamor, Tiago Fiúza, Paula Pestana, Henrique Rita, José Sousa e Costa
O tratamento da Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) continua a ser um desafio. Na DM2 existe aumento da expressão renal dos co-transportadores sodio-glicose tipo 2 (SGLT2) provocando maior reabsorção de glicose. Esta alteração é a base para o desenvolvimento de fármacos anti-diabéticos com atuação a nível renal. Os inibidores da SGLT2 (iSGLT2) inibem seletiva e reversivelmente esse co-transportador promovendo a excreção renal de glicose em excesso, reduzindo a glicémia através de um mecanismo que é independente na insulina. Para além disso, estes fármacos favorecem um balanço hídrico negativo levando à perda de peso.
Apresenta-se um estudo retrospetivo em que foram analisados os doentes que em 2018 estavam sobre tratamento com iSGLT2, na consulta de Diabetes. Dos 566 doentes seguidos nessa consulta, 104 estavam sob terapêutica com iSGLT2, 59 eram do sexo feminino, 45 masculino; com uma média de idades de 62 anos. O tempo médio de evolução da DM 2 era de 11 anos, com 13% de complicações macrovasculares, 18% de microvasculares e 2% com ambas. A grande maioria estava medicada concomitantemente com biguanidas (80%) e inibidores da DPP4 (91%), 70% dos doentes também estavam sob insulina. Na maioria dos casos (90%) os iSGLT2 foram iniciados na consulta externa de DM, em 3 casos no internamento e em 7 casos pelo médico de família. A média da HbA1c antes de iniciarem tratamento com iSGLT2 era de 9.36%, de 8.23% aos 6 meses e 7.79% ao ano. À semelhança de estudos anteriores em que aos 24 meses houve uma redução média da HbA1c até 1.01%, neste estudo houve uma redução até 1.57%. Houve uma redução média do peso ao ano de 3.29 Kg consonante com dados da literatura (reduções entre 1-5 Kg com maiores reduções em doentes com mais peso). Todos os doentes que iniciaram este tratamento apresentavam IMC superior 25Kg/m2. O peso médio inicial era de 84.22 Kg, 82.39Kg aos 6 meses e de 80.93Kg ao ano. A clearance da creatinina inicial destes doentes era de 82.01 ml/min eGFR MDRD e de 85.92 ml/min ao ano. Durante o período estudado não houve hipoglicémias ou infeções do trato urinário documentadas.
As variáveis contínuas foram comparadas através do teste T de Student. Da análises dos dados concluiu-se que existe diferença estatisticamente significativa entre a HbA1c prévia e HbA1c aos 6 meses e entre HbA1c prévia e HbA1c ao ano (p valor < 0.05). O mesmo acontece com o peso, uma vez que existe diferença estatisticamente significativa entre o peso prévio e o peso aos 6 meses assim como entre o peso prévio e o peso ao ano (p valor < 0.05). Conclui-se ainda que os dados vão de encontro a outros estudos já publicados, nomeadamente no que diz respeito à redução da HbA1c e do peso.
É imperativo vencer a inércia e estabelecer o tratamento tendo em conta as caraterísticas individuais de cada doente, nomeadamente naqueles com doença cardio-vascular em que os iGLT2 se mostraram especialmente promissores, como constatamos com alteração recente às guidelines da EASD/ADA.