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PARASITOSE INTESTINAL: UMA CAUSA DE DOR ABDOMINAL A RECORDAR
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P471 - Resumo ID: 1645
Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo – Hospital José Joaquim Fernandes
Margarida Paixão Ferreira, Joana Lima, Vera Cesário, José Vaz
Introdução: As infecções por Ascaris lumbricoides são as infecções por nemátodos mais prevalente globalmente. Geralmente são assintomáticas na fase intestinal, mas podem causar dor abdominal, dor à palpação e distensão abdominal, especialmente se for uma infecção crónica. O Ascaris lumbricoides vive principalmente no duodeno e no jejuno, mas pode migrar por todo o tracto intestinal.
Caso Clínico: Doente do sexo feminino, 59 anos de idade, com antecedentes de hipertensão arterial, com múltiplas vindas ao serviço de urgência por episódios recorrentes de dor abdominal, de localização epigástrica, sem irradiação, de intensidade moderada, com parcial cedência à analgesia, associada a distensão abdominal e mal-estar. Negou febre, alterações do trânsito intestinal, alterações das características das fezes (nomeadamente presença de sangue, muco ou pus), prurido ou lesões peri-anais, anorexia ou perda ponderal. Negou também sintomatologia do foro respiratório. Ao exame objectivo, apenas se destacava dor à palpação na região do epigastro. Analiticamente, hemograma sem alterações, sem alterações da bioquímica hepática, sem elevação da PCR, serologias virais negativas, sem achados compatíveis com má absorção. Ecografia abdominal com presença de líquido intra-peritoneal supra e infra-mesocólico, sobretudo interansas, sem alterações estruturais dos órgãos abdominais. TC abdominal destacava espessamento da região ileo-cecal. Colonoscopia sem qualquer alteração. EnteroTC sem alterações. Videocápsula normal. Posteriormente, por colheita inicial insuficiente, feita nova colheita de fezes, obtendo-se exame parasitológico das fezes com presença de ovos de Ascaris lumbricoides. Feita 1ª toma de Albendazol, com reavaliação mantendo presença de ovos de parasita nas fezes, mas com melhoria dos sintomas (sem novos episódios de dor abdominal) e com nova ecografia abdominal sem espessamentos intestinais e sem presença de líquido livre. Fez novo ciclo de Albendazol (juntamente com os conviventes directos) com erradicação definitiva do parasita e melhoria total de sintomatologia.
Discussão: Trata-se de um caso que destaca a importância de relembrar a parasitose como causa de dor abdominal recorrente, bem como da necessidade de um estudo etiológico bem direccionado. Há que destacar ainda como um exame tão simples, acaba por ser determinante para o diagnóstico final, sendo colocado indevidamente em segundo plano. Em suma, é um caso que nos recorda que um quadro de dor abdominal recorrente pode ter uma causa mais simples, com um tratamento rápido e eficaz.