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MALÁRIA, UMA MEMÓRIA INESPERADA
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P450 - Resumo ID: 1647
Centro Hospitalar Barreiro Montijo
Francelino Ferreira, Ruben Reis, Magda Silva, Ana Paula Pona, Fátima Campante
INTRODUÇÃO: Em Portugal a malária continua a aparecer de modo esporádico, principalmente na sua forma importada entre os indivíduos provenientes das regiões endémicas. Assim, num contexto clínico e epidemiológico adequados, é um diagnóstico a equacionar. A identificação da presença do parasita e o início do tratamento direcionado é crucial, uma vez que a doença pode ser grave ou fatal, nomeadamente quando provocada pelo plasmodium falciparum.
CASO CLÍNICO: Doente do sexo feminino, de 18 anos, natural de Lisboa, sem antecedentes relevantes e que regressou de
Angola três semanas antes, onde esteve em visita a familiares. Nega qualquer profilaxia do viajante e tem o programa nacional de
vacinação atualizado. Recorreu ao serviço de urgência por febre que não cedia aos antipiréticos, mialgias, vómitos, astenia e diarreia com cinco dias de evolução. Ao exame objetivo destacava-se febre de 38º C e prostração, sem mais alterações de relevo. Na avaliação laboratorial apresentava anemia (Hb 10.3 g/dL), trombocitopenia (58.000 plaquetas), hiperbilirrubinémia (total 2.3mg/dL, direta 1.2mg/dL), alteração das enzimas hepáticas (AST 92 U/L, ALT 172 U/L), PCR 50 mg/dL e presença de trofozoitos de plasmodium falciparum no sangue periférico, com 11% de parasitémia. Iniciou terapêutica com doxiciclina 100 mg de 12 em 12 horas e quinino 500 mg de 12 em 12 horas. Sob esta terapêutica, evolui com agravamento das alterações hematológicas e do padrão de hemólise, com necessidade de
suporte transfusional, manutenção da febre, aumento dos parâmetros inflamatórios e extensa pneumonia bilateral documentada por TAC, com hipoxémia grave. Ao sétimo dia de internamento foi transferida para a unidade de cuidados intensivos e iniciou terapêutica antibiótica empírica de largo espectro e oseltamivir. A doente teve uma boa evolução clínica, sem necessidade de suporte de órgão, já com parasitémia negativa, estável do ponto de vista hematológico e infecioso, sem outros agentes isolados.
DISCUSSÃO:  Este caso demonstra que a malária ainda é uma doença atual, principalmente devido aos movimentos imigratórios. Perante uma anamnese muito sugestiva os meios complementares rapidamente confirmam a hipótese diagnóstica. A doença pode ser grave, tal como neste caso de infeção por Plasmodium falciparum, não apenas pelas alterações hematológicas, mas também devido a outras complicações.