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UMA ANÁLISE CRITICA SOBRE A INCIDÊNCIA DE AVC EM DOENTES COM FIBRILHAÇÃO AURICULAR
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Comunicação
Congresso ID: CO152 - Resumo ID: 1649
Centro Hospitalar do Oeste - Unidade de Torres Vedras
Juliana Magalhães, José Pereira, Inês Antunes, Ivone Barracha, Rosa Amorim
Introdução: A Fibrilhação Auricular (FA) é a arritmia cardíaca sustentada mais comum e prevê-se que, nos países desenvolvidos, um em cada quatro adultos de meia-idade venha a desenvolver FA. Esta arritmia é um forte fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC) e um dos achados mais importantes na investigação etiológica de doentes com AVC isquémico. A anticoagulação oral é eficaz na prevenção dos AVC isquémicos em doentes com FA e pode prolongar a vida, no entanto, estes doentes apresentam na sua maioria múltiplas comorbilidades e estão por isso polimedicados. O risco de hemorragia e/ou de complicações hemorrágicas é também maior, dada a fragilidade deste grupo. A decisão de hipocoagular, assim como a escolha do fármaco adequado, pelos seus riscos e benefícios, torna-se um desafio.

Objetivos: Comparar a incidência de AVC isquémico em doentes com FA com e sem anticoagulação prévia, caracterizar a população quanto a fatores de risco e comparar os tipos de anticoagulação quanto à incidência de AVC, complicações hemorrágicas e mortalidade.

Material e Métodos: Estudo observacional, longitudinal, retrospectivo, descritivo-correlacional. Foram incluídos no estudo todos os doentes internados com AVC isquémico e FA, com idade superior a 18 anos, no serviço de Medicina no ano de 2017. Os dados foram obtidos dos processos clínicos dos doentes e tratados através da ferramenta estatística SPSS (Statistical Product Service Solutions).

Resultados: Da população estudada (104 doentes) 54,8% eram mulheres, sendo a média de idades de 81 anos. Entre os fatores de risco cardiovasculares mais frequentes salientam-se: HTA (88,5%), dislipidémia (51%), insuficiência cardíaca (69%) e doença renal crónica (40%). Cerca de 57% não estavam previamente anticoagulados, apesar de o score CHADS-VASC2 ser superior a 2 em cerca de 90% destes doentes. Dos doentes previamente anticoagulados, 37,8% estavam medicados com dicumarínicos, 48,8% com DOACs e 13,3% com heparina. A taxa de mortalidade foi de 27%, tendo sido superior no grupo de doentes não anticoagulados (57%), sendo que no grupo de doentes anticoagulados, a mortalidade foi superior em doentes medicados com dicumarinicos (50%), mas sem evidência de significado estatístico. Mortalidade foi superior em doentes do género masculino (60%) e em doentes com DRC (57%), com valor p<0,05. Em 16% verificou-se transformação hemorrágica, mais frequente nos doentes previamente anticoagulados (53%) e em 67% dos doentes medicados com dicumarínicos (p<0,05), todos com valores de INR fora do alvo terapêutico.

Discussão: Os resultados demonstram a importância da identificação da FA e do início de anticoagulação pelo alto risco de eventos cerebrovasculares. O estudo demonstrou benefício de hipocogular independentemente do tipo de anticoagulante. Contudo, verificou-se nestes doentes um maior risco de transformação hemorrágica, sobretudo nos doentes medicados com dicumarínicos pela dificuldade de alcançar o INR terapêutico.