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ALÉM DA CRISE HIPERTENSIVA – ANÁLISE DE CASOS DE 1 ANO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA
Doenças cardiovasculares - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO016 - Resumo ID: 1654
Hospital Beatriz Ângelo
Joana Isabel Marques, Sara Mendonça Freitas, Ana Grilo, Fernando Martos Gonçalves
A crise hipertensiva, de acordo com o Colégio Americano de Cardiologia, corresponde a uma subida aguda da pressão arterial, com sistólica >180mmHg e/ou diastólica >120mmHg. As emergências hipertensivas correspondem ao subgrupo que apresentam lesão de órgão alvo (neurológica, cardiovascular, renal, vascular, entre outras) a acompanhar a subida de pressão arterial. 1-3% dos doentes hipertensos vão ter um episódio de emergência hipertensiva, responsável por morbilidade significativa.
Objetivo: avaliar a incidência de doentes com crise hipertensiva na admissão no serviço de urgência (SU) e análise do diagnóstico de admissão associados a crise hipertensiva com necessidade de internamento.
Métodos: Análise observacional e retrospetiva dos doentes que recorreram ao serviço de urgência durante 1 ano (1 novembro de 2017 a 31 outubro de 2018) com valores de pressão arterial ≥180/120mmHg na triagem, e análise daqueles que mereceram internamento com identificação de dados epidemiológicos, sintomas, comorbilidades e diagnóstico de admissão pela consulta dos processos clínicos.
Resultados: No período de 1 ano recorreram ao SU 282 doentes com critérios de crise hipertensiva para um total de 125247 admissões, ou seja, 0,23% das admissões. Dos doentes com crise hipertensiva 45 ficaram internados (15%).
A idade média foi 62,7 anos (mínimo 34, máximo 88), 60% do sexo masculino. Os sintomas quando recorreram ao SU eram:: dispneia (44%), sinais focais (33%), cefaleias (18%), sinais neurológicos generalizados como confusão mental (16%), desconforto torácico (9%) ou dor de qualquer etiologia (9%).
Além da hipertensão arterial conhecida em 87% dos casos, acrescem importantes comorbilidades como cardiopatia (36%), diabetes (27%), insuficiência cardíaca (24%) e fibrilhação auricular (20%). 18% já tinham tido enfarte agudo do miocárdio no passado e 16% acidente vascular cerebral.
Quanto ao diagnóstico de internamento verificou-se que o mais afetado foi o sistema cardiovascular com 38% destacando-se a grande incidência de edema agudo do pulmão (29%), enfarte agudo do miocárdio (9%) e insuficiência cardíaca descompensada (4%). A lesão do sistema nervoso central constitui 31% das admissões incluindo acidente vascular cerebral isquémico (22%), acidente isquémico transitório (4%) e acidente vascular hemorrágico (2%). Surgem em menor frequência 1 caso de lesão renal, 1 de pré-eclâmpsia e 4 casos de hipertensão secundária a dor (3 por patologia cirúrgica e 1 por cólica renal).
Conclusões
Este trabalho mostra uma incidência de crise hipertensiva no momento de admissão no serviço de urgência de 0,23% das admissões. Dos casos com necessidade de internamento (15%) destaca-se a maior incidência de lesão do sistema cardiovascular e neurológico (em conjunto 70%) com destaque para o edema agudo do pulmão (29%) e acidente vascular cerebral (22%). Realça-se a importância da atuação médica célere nestas situações de elevada morbimortalidade para prevenção da lesão de órgão.