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TRATAMENTO DA ESPONDILODISCITE: ESTUDO RETROSPETIVO DE 30 PACIENTES
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO015 - Resumo ID: 1658
Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
Círia SOUSA, Catarina MACIEL, Natália LOPES, Fernando SALVADOR, Paula VAZ MARQUES
Introdução: A espondilodiscite é uma doença infeciosa potencialmente fatal, cujo diagnóstico é frequentemente difícil, devido à forma de apresentação com sinais e sintomas pouco específicos, adicionando ao facto da alta prevalência de dor lombar na população geral.
Existe consenso que a antibioterapia deve ser iniciada apenas após a identificação do microrganismo, se ausência de complicações neurológicas ou sépsis, de forma a otimizar os resultados.
Estão recomendados esquemas prolongados de antibioterapia, durante pelo menos 6 semanas, e de forma empírica um esquema apropriado deverá incluir cobertura de MSSA, estreptococos e gram-negativos.
Os autores caracterizaram e avaliaram a prevalência de espondilodiscite e as principais opções terapêuticas num centro hospitalar.
População e Métodos: Estudo retrospetivo observacional de todos os doentes com diagnóstico de espondilodiscite durante o internamento, entre 2010 e 2017. Avaliaram-se variáveis demográficas, comorbilidades, forma de apresentação, fatores de risco, isolamentos microbiológicos e tratamento efetuado.
As variáveis contínuas foram expressas na forma de média ± desvio padrão e as variáveis categóricas foram apresentadas como distribuições de frequência. Foi utilizado o software IBM SPSS statistics versão 25.0.0. A precisão das taxas de prevalência foi dada pelos intervalos de confiança de 95% (IC 95%).
Resultados: Foram diagnosticados 30 casos de espondilodiscite (60% homens; idade média 70,57 +/- 11,28), provenientes na maioria dos casos dos serviços de medicina interna (73,3%). A principal comorbilidade encontrada foi a diabetes mellitus (49.9%). Na apresentação, a maioria dos doentes apresentava dor lombar associada a sintomas constitucionais, e 50% apresentavam sintomas neurológicos.
Em 40% dos doentes havia história de infeção prévia. Na admissão, 80% dos doentes tinha pedida a PCR, mas apenas 27% tinha velocidade de sedimentação. A maioria dos doentes realizou TAC e RMN durante o internamento.
A localização mais frequente foi a coluna lombo-sagrada ao nível de L4-L5 (23%), com apenas um nível afetado em 70% dos doentes. O principal microrganismo isolado foi o Staphylococcus aureus meticilino-sensivel, não havendo isolamentos em cerca de 47% dos doentes.
Na maioria dos doentes optou-se pelo tratamento conservador com dois antibióticos. O início de antibioterapia ocorreu em média ao fim de 7 dias de internamento, os esquemas de antibioterapia mais utilizado foram a vancomicina e o ceftriaxone. A mediana do tempo de tratamento endovenoso foi de 41 dias.
Conclusões: O protelar do início da antibioterapia até obtenção de todos os produtos microbiológicos continua a ser uma dificuldade no tratamento destes doentes, reduzindo a taxa de identificação dos microrganismos, com possibilidade de antibioterapia dirigida por períodos mais curtos e com melhores respostas clínicas.