23

24

25

26
 
“ CEFALEIAS SECUNDÁRIAS – CASUÍSTICA DE 5 ANOS DE UMA CONSULTA HOSPITALAR DE CEFALEIAS”
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Comunicação
Congresso ID: CO155 - Resumo ID: 164
Hospital de Braga
Joana Braga, Octávia Costa, Margarida Lopes, Gisela Carneiro, Sara Varanda
Introdução:
A cefaleia é um sintoma comum, que se pode atribuir a diversas etiologias, globalmente classificadas como primárias e secundárias. No primeiro caso, a dor deve-se a alterações funcionais do sistema nervoso central, enquanto, no segundo, ocorre secundariamente a alterações estruturais. É possível um doente apresentar mais de um tipo de cefaleia ou uma cefaleia com características mutáveis ao longo do tempo, o que pode tornar o diagnóstico desafiante.

Objetivo:
Revisão dos casos de cefaleias secundárias diagnosticados numa consulta de cefaleias de um hospital central no período de outubro de 2014 a dezembro de 2018.

Material e Métodos:
Estudo retrospetivo do registo de doentes consecutivos referenciados á consulta de neurologia/cefaleias de um hospital central.
Revisão dos processos clínicos e classificação dos casos de acordo com os critérios estabelecidos pela classificação internacional de cefaleias 3ª edição 2018.
Sub-análise do grupo de doentes com diagnóstico de cefaleias secundárias, isoladas ou associadas a cefaleias primárias.

Resultados:
Foram revistos 518 casos de doentes referenciados à consulta de cefaleias, dos quais
Apresentavam quadros compatíveis com cefaleias primárias 76,81% do sexo feminino, média de idades de 40 anos.
Os restantes 91 (17,6%), apresentavam cefaleias secundárias, isoladas, em 27 casos, ou associadas a cefaleias primárias, em 64. Este grupo era maioritariamente do sexo feminino (78%) e apresentava média de idades de 45 anos.
Relativamente às etiologias secundárias, a cefaleia por abuso medicamentoso foi o diagnóstico mais frequente (49.5%), sendo que, em 41,8% dos casos apurou-se a cefaleia primária subjacente que motivou o consumo excessivo de analgésicos e, nos restantes 7,7% a cefaleia primária associada apresentava características imprecisas.
Seguiram-se em frequência a cefaleia a cefaleia cervicogénica (15 doentes), a cefaleia atribuída a perturbação intracraniana não vascular ( 4 por hipotensão do LCR e 2 por malformação de Chiari tipo 1) e a cefaleia atribuída a perturbação da homeostasia (2 cefaleia atribuída a viagem de avião e 4 cefaleia da apneia do sono). No respeitante aos doentes que abandonaram a consulta (18 doentes), 55% apresentavam cefaleia por abuso medicamentoso.

Conclusões:
Apesar de a consulta específica de cefaleias ser iminentemente para o diagnóstico diferencial e tratamento de cefaleias primárias, uma proporção significativa de doentes apresentava cefaleia secundária isolada ou concomitante a cefaleia primária, tendo ocorrido um intervalo de tempo considerável até ser feito o diagnóstico correto.
Todos os médicos assistentes devem colaborar na educação dos doentes com cefaleias, por um lado, destacando a necessidade de atentarem nas características da dor e dos sintomas acompanhantes e, por outro, ensinando a importância de evitar o consumo excessivo de analgésicos, a causa mais frequente de cefaleia secundária nesta e noutras séries publicadas.