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ENDOCARDITE INFECIOSA E ALTERAÇÕES DA CONDUÇÃO AURICULOVENTRICULAR – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P451 - Resumo ID: 1665
ULSAM - Hospital de Santa Luzia - Viana do Castelo
Rosana Maia, Pedro Pinto, Miguel Costa, Duarte Silva, Edgar Torre, Carmélia Rodrigues, Diana Guerra
Introdução: A Endocardite infeciosa (EI) é uma doença incomum, com uma incidência de 3-7/100000 pessoas/ano, que se carateriza por elevada morbilidade e mortalidade, constituindo uma das principais infeções ameaçadoras de vida.
Caso Clínico: Homem, 80 anos, autónomo, com insuficiência cardíaca (IC), de etiologia valvular (estenose aórtica severa), com fração de ejeção preservada, hipertenso, trazido ao Serviço de Urgência (SU) por dispneia intensa, mal-estar generalizado, tosse não produtiva, sensação de enfartamento, náuseas, calafrios e mialgias de início súbito. Exame objetivo: consciente, colaborante e orientado, T aur 40ºC, TA 136/63 mmHg, SatO2 90% (FiO2 21%). Auscultação (A) cardíaca: S1 e S2 presentes, arrítmicos, sopro sistólico grau II/VI. A pulmonar: sons respiratórios globalmente diminuídos, sem ruídos adventícios. Analiticamente: trombocitopenia (plaquetas 60x10^9/L), lesão renal aguda (Creat 1.42 mg/dL) e PCR 11.19 mg/dL. Gasometria arterial (FiO2 21%): sem insuficiência respiratória. Radiografia de tórax: elevação da hemicúpula diafragmática direita, sem infiltrados ou condensações. Eletrocardiograma (ECG): fibrilação auricular (FA) com resposta ventricular (RV) controlada (de novo). Colhidas Hemoculturas (HC) e iniciada antibioterapia com ceftriaxone. Realizou ecocardiograma(Eco)-transtorácico (TT) e transesofágico em D2 internamento: área hipoecogénica na região posterior do anel valular aórtico (abcesso) e estrutura filiforme e hiperecogénica aderente à face ventricular da cúspide não coronariana (vegetação). Iniciada terapêutica empírica para EI com vancomicina e gentamicina. Conhecidos resultados de HC – positivas para Staphylococcus aureus meticilino-sensível, tendo sido ajustada antibioterapia para flucloxacilina. Durante o internamento, IC descompensada e FA com RV rápida, tendo iniciado diurético, digitálico e beta bloqueador. Em D8 internamento, dor torácica retro-esternal, dor abdominal epigástrica e dispneia. ECG: ritmo sinusal, bloqueio auriculoventricular (BAV) 1º grau e bloqueio completo de ramo direito), seguido de síncope (ECG: BAV completo). Medicado com atropina e isoprenalina com resposta parcial. Implantado pacemaker temporário. Eco-TT: insuficiência aórtica de novo. Transferido para Cirurgia Cardiotorácica de outro hospital. À admissão, agitado e com afasia motora. TC-craneoencefálico (sem alterações de relevo). Submetido a cirurgia de substituição de válvula aórtica por prótese biológica e exclusão do abcesso, com instabilidade hemodinâmica intra-operatória. No pós-operatório, choque grave com necessidade de suporte vasopressor, com refratoriedade a todas as medidas clínicas instituídas, tendo vindo a falecer.
Discussão: Os distúrbios da condução (BAVs, bloqueios de ramo ou FA) são complicações incomuns da EI (1-18%) e a sua presença está associada a um pior prognóstico. Com este caso clínico, os autores pretendem alertar para algumas das complicações a ela associadas, as quais podem ocorrer simultaneamente.