23

24

25

26
 
PNEUMONIA ORGANIZATIVA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P827 - Resumo ID: 166
Hospital da Senhora da Oliveira - Guimarães
Cristina Silva, Joana Mendonça, José Soeiro, Clarisse Neves, Jorge Cotter
Introdução:
A pneumonia organizativa é uma doença pulmonar inflamatória, que afeta igualmente homens e mulheres e que surge mais frequentemente na 6ª década de vida. A apresentação é frequentemente subaguda, com sintomas semelhantes a uma síndrome gripal. Ao exame objetivo, as crepitações são o achado mais frequente. As alterações radiológicas são também inespecíficas. Pode ser secundária a patologia infeciosa, maligna e imunológica, entre outras. Quando todas as causas foram excluídas, resta o diagnóstico de pneumonia organizativa criptogénica.

Caso Clínico:
Mulher de 67 anos, autónoma, com antecedentes pessoais de depressão, anemia ferropénica e exposição ocupacional a pó numa confeção de malhas.
Apresentou-se no Serviço de Urgência (SU) com um quadro de tosse não produtiva, astenia, anorexia e mal-estar inespecífico com algumas semanas de evolução. Já estava medicada com amoxicilina/ácido clavulânico há 5 dias sem melhoria. Na tomografia axial computorizada (TAC) apresentava “extensas áreas de espessamento peribrônquico irregular com tendência a confluência” e “broncogramas aéreos, o dominante no lobo superior direito”. Foi internada com o diagnóstico de pneumonia da comunidade multilobar. Cumpriu ciclo de antibioterapia empírica com ceftriaxone e azitromicina com evolução clínica favorável e melhoria radiológica. Broncofibroscopia sem alterações endobrônquicas, com citologia do aspirado brônquico mostrando macrófagos alveolares e células inflamatórias. Sem isolamento de agente microbiológico.
Seis semanas depois, recorreu novamente ao SU por dispneia para médios esforços, tosse não produtiva, dor torácica à direita pleurítica, astenia e anorexia com uma semana de evolução. Na TAC torácica apresentava uma “opacidade do parênquima no segmento superior do lobo inferior direito com sinal de broncograma aéreo, com extensão transversa cerca de 5.5 cm” e “opacidades menores, irregulares, no segmento ápico-posterior do lobo superior esquerdo”. Foi internada e medicada empiricamente com piperacilina/tazobactam. Ao 6º dia, sem melhoria clínica, analítica ou radiológica. Sem isolamento de agente microbiológico. Estudo autoimune negativo. Por suspeita de pneumonia organizativa iniciou prednisolona 1 mg/kg/dia com melhoria sintomática franca, melhoria do perfil térmico e descida de parâmetros inflamatórios. Uma semana após o início de corticoterapia, documentou-se em TAC torácica melhoria significativa das consolidações, que eram residuais. Iniciou desmame lento de corticoterapia às 8 semanas, com boa evolução clínica até à data.

Discussão:
O diagnóstico de pneumonia organizativa é um desafio pela falta de especificidade dos sinais e sintomas e dos achados imagiológicos. Deve ser equacionado num doente com clínica respiratória, sem resposta à antibioterapia e com opacidades migratórias irregulares. A resposta à corticoterapia costuma ser favorável, apesar das taxas de recidiva após suspensão serem significativas.