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ABCESSO HEPÁTICO PIOGÉNICO POR CORPO ESTRANHO
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG237 - Resumo ID: 1680
Centro Hospitalar Universitário do Algarve - Hospital de Faro
Ana Isabel Rodrigues, Rita Martins Fernandes, Nuno Mourão Carvalho, Domingos Sousa, Hugo Calderón, Cristina Granja
Doente do género feminino, 68 anos, nacionalidade inglesa, de férias em Portugal.
Recorreu ao serviço de urgência por cansaço, cefaleias, sensação de febre e desconforto torácico sem irradiação, intermitente com duração entre 5 a 10 minutos, não associado a esforços e alívio em ortostatismo.
Apresentava uma pontuação de 15 na Escala de Coma de Glasgow, febre de 38.2ºC, hipotensa (pressão arterial média de 55mmHg), taquicárdica, com dor abdominal à palpação.
Realizou eletrocardiograma com fibrilhação auricular de novo com resposta ventricular rápida. Ecocardiograma transtorácico e radiografia de tórax sem alterações.
Analiticamente com parâmetros inflamatórios aumentados com leucocitose de 22 500/L com neutrofilia e proteína C reativa de 440 mg/dl.
Fez tomografia axial computadorizada abdominal observando-se coleção hepática abecedada no segmento IV. Em íntima relação com esta coleção,ultrapassando o contorno hepático, tinha um corpo estranho linear, espontaneamente denso, com 2 cm de comprimento, de etiologia metálica. A proximidade do antro gástrico e a presença de densificação da gordura perigástrica entre o antro e este segmento hepático sugere que corpo estranho ingerido perfurou o estômago, alojando-se a nível hepático com formação de abcesso adjacente.
Submetida a laparotomia com drenagem do abcesso hepático e remoção de corpo estranho (metal de uma garrafa), isolando-se posteriormente no exsudado purulento profundo Staphylococcus aureus sensível a oxacilina e resistente a penicilina
Admitida na Unidade de Cuidados Intensivos, sob antibioterapia e suporte aminérgico, com melhoria clinica progressiva, possibilitando a transferência da doente para o seu país de origem.
O diagnóstico de abcesso hepático piogénico secundário a perfuração gástrica por um corpo estranho é extremamente raro e pouco descrito na literatura. É de difícil reconhecimento quer pela inespecificidade do quadro sintomático, quer pelo desconhecimento dos doentes da ingestão do corpo estranho.