PROGRAMA DE GESTÃO INTEGRADA DE CUIDADOS AO DOENTE CRÓNICO COMPLEXO: UM ANO DE EXPERIÊNCIA
Organização e gestão / novas formas de cuidados - Comunicação
Congresso ID: CO006 - Resumo ID: 1696
Serviço de Medicina Interna - Hospital de São Francisco Xavier -Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, ACES Lisboa Ocidental e Oeiras
Sérgio Brito, Nuno Ferreira, Ana Leitão, Teresa Carvalho, Carlos Russo, Carla Magueja, Anabela Costa, Célia Lourenço, Rafic Nordin, Luís Campos
INTRODUÇÃO: O desenvolvimento populacional e os avanços na Medicina levaram ao aumento da esperança média de vida e consequentemente a uma mudança na demografia hospitalar: doentes idosos, com pluripatologia e polimedicados, física e socioeconomicamente dependentes, e que são grandes consumidores de recursos em saúde. É pois necessário adaptar a nossa prestação de cuidados à nova demografia, implementando modelos de gestão integradores e multidisciplinares que incluam como parceiros ativos o doente e o seu cuidador formal ou informal, a comunidade, os hospitais e os cuidados de saúde primários (CSP).
OBJETIVOS: Avaliar o impacto das intervenções realizadas na 1ª fase do Programa de Gestão Integrada de Cuidados ao Doente Crónico Complexo (Pro-GIC).
MATERIAL E MÉTODOS:
Estudo observacional prospetivo de utentes, acompanhados no Pro-GIC de 2017 a 2018. Os utentes foram avaliados presencialmente pela equipa hospitalar que em parceria com os CSP, o utente, o cuidador formal ou informal e a equipa comunitária da RNCCI implementou um plano individual de cuidados (PIC).
O efeito das intervenções consistiu na comparação do nº visitas ao serviço de urgência (SU), nº de internamentos e nº de episódios relacionados com a agudização de doença crónica ocorridos no ano de controlo (2016) e no ano seguinte à avaliação no Pro-GIC. Foi também avaliado o grau de satisfação do utente.
RESULTADOS: Foram seguidos 81 doentes, 53% mulheres e 67% com idade compreendidas entre 75-100 anos. Quanto às principais características clínicas e socioeconómicas: seis doenças crónicas em média/doente (DP 2.2); o número médio de fármacos por doente foi 7.6(DP4.21); 49% estimativa de sobrevida < 10 anos; 70% com cuidador formal/informal; 41% com insuficiência económica; 48% com grau de dependência moderada; 28% em risco de desnutrição e 68% em risco social.
A taxa de mortalidade aos 12 meses foi 7% (6 doentes) e de institucionalização em lar 9% (7 doentes).
Considerando os outcomes pretendidos nos restantes 68 doentes verificou-se: redução no número de visitas ao SU em 85% dos doentes, passando de uma média 5.3 para 2.8 visitas/utente nomeadamente por agudização da doença crónica e redução de 41% no nº de internamentos (média 0,7 vs 0,4 internamentos/doente). O grau de satisfação global com a consulta foi 100% (taxa de resposta = 69%).
CONCLUSÕES: Um ano depois da implementação do Pro-GIC verificou-se que a prestação de cuidados integrados e contínuos a estes doentes resultou em descida considerável do consumo de recursos em saúde. Foi fundamental a intervenção de um gestor de caso (enfermeira) em íntima parceria com o utente, cuidador, equipa hospitalar e a equipa de família (CSP). Assim, tendo em conta os resultados, consideramos que este programa contribuiu para melhorar o estado de saúde e a qualidade de vida do utente, assim como para a redução de custos em saúde o que nos leva a propor a sua continuidade e extensão.