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PICO MONOCLONAL NA REGIÃO BETA, UMA FORMA MENOS COMUM DE MIELOMA MÚLTIPLO.
Doenças hematológicas - E-Poster
Congresso ID: P369 - Resumo ID: 1716
Centro Hospitalar Barreiro Montijo
Francelino Ferreira, Ruben Reis, Magda Silva, Ana Paula Pona, Fátima Campante
INTRODUÇÃO: O mieloma múltiplo consiste na proliferação maligna dos plasmócitos, levando a lesões de órgãos alvo. Na suspeita clínica, a eletroforese das proteínas séricas faz parte do screening inicial. Este caso clínico apresenta-se com um padrão de eletroforese menos frequente, traduzido por um pico monoclonal na região beta.
CASO CLÍNICO: Trata-se de um doente do sexo masculino, de 65 anos, com antecedentes de diabetes tipo 2, já com retinopatia diabética como complicação crónica da diabetes. Iniciou queixas de cansaço inespecífico com cerca de dois meses de evolução, sem outra sintomatologia acompanhante. Nas análises apresentava anemia “de novo”, com 6,3 g/dL de hemoglobina, com ligeira microcitose e hipocromia, leucopénia de 2600 (1170 neutrófilos), trombocitopenia de 85.000, VS 114, estudo do ferro, vitamina B12 e ácido fólico normais, função renal normal, cálcio sérico normal e beta 2 microglobulina ligeiramente aumentada (2.8 ug/mL). A eletroforese das proteínas séricas mostrou um pico monoclonal na região beta de 2g/dL (28.4%). Do estudo subsequente, a destacar um aumento da IgA (1953 mg/dL), cadeias leves kappa 421 mg/dL e lambda 712 mg/dL, imunofixação sérica compatível com gamapatia monoclonal IgA lambda e medulograma com 40 % de plasmócitos. O raio-x da calote e esqueleto axial não mostraram lesões. Assumiu-se o diagnóstico de mieloma múltiplo, na presença de proteína monoclonal, infiltração da medula por plasmócitos e lesão de órgão traduzida pela anemia grave. O doente foi enviado para a consulta de hematologia e iniciou também suporte transfusional em hospital de dia de imunohemoterapia.
DISCUSSÃO: Os autores apresentam este caso pelo padrão de eletroforese menos comum no mieloma múltiplo, que está mais associado a doença por IgA. Esta técnica constitui uma ferramenta fundamental na marcha diagnóstica, sendo importante realçar a possibilidade de existirem diferentes padrões por trás de um mieloma múltiplo, nem todos encontrados com frequência na prática clínica. Neste doente em particular, diabético e com lesão de órgão alvo, as queixas inespecíficas, frequentemente encontradas nesta população, aliadas a uma suspeita clínica e exames adequados conduziram a um diagnóstico concreto.