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ADENOPATIAS E ERITRODERMIA – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO
Doenças hematológicas - E-Poster
Congresso ID: P308 - Resumo ID: 1721
Hospital de Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central
Márcia Pereira, Nélia Cunha, Miguel Martins, Diana Simão, Madalena Lobão, António Mesquita, João Oliveira, Rita Ribeiro, Sofia Pinheiro
Introdução: Os linfomas de células T periféricos (LCTP) são um grupo heterogéneo de neoplasias hematológicas, mais frequentes no sexo masculino e na septuagésima década de vida. Caracterizam-se por linfadenopatia generalizada, sendo a pele e trato gastrointestinal os locais extraganglionares mais frequentemente envolvidos. O caso apresentado é paradigmático do desafio diagnóstico e do desfecho dramático muitas vezes inerente a esta entidade. Caso Clínico: Homem, 65 anos, com história conhecida de polimialgia reumática há 1 ano, medicado com corticoterapia, e dermatose urticariforme autolimitada há 6 meses, seguido em dermatologia. É internado em Serviço de Medicina Interna por sintomas constitucionais e reaparecimento de lesões cutâneas. Ao exame objetivo, apurava-se eritrodermia generalizada maculopapular, indolor e não pruriginosa, adenopatias cervicais bilaterais e febre 39ºC. Analiticamente destacava-se Hb 9,4 x 10g/L, macrocitose, leucocitose 18,87 x 10^9/L, neutrofilia 18,87 x 10^9/L, eosinofilia 1,67 x 10^9/L, lactato desidrogenase 501 IU/L, velocidade de hemosedimentação 61 mm/h, consumo de complemento, hipergamaglobulinémia policlonal e anticorpos antinucleares 1/320, com restante estudo de autoimunidade negativo; estudo infecioso negativo para vírus da imunodeficiência humana, hepatite B e C, sífilis e tuberculose. Realizou tomografia computorizada do pescoço e toraco-abdomino-pélvica que mostraram múltiplas adenopatias com conglomerado adenopático de maiores dimensões a nível hilar direito (40x27 mm) e espessamento das partes moles da nasofaringe e orofaringe. Realizou biópsia excisional de gânglio cervical, biópsia do cavum, biópsia óssea e várias biópsias cutâneas cujos resultados histológicos, incluindo imunohistoquimica, foram sistematicamente compatíveis com alterações benignas reativas. Após um mês de internamento e um total de sete biópsias, a histologia de uma adenopatia supraclavicular revelou o diagnóstico de LCTP, Sem Outra Especificação (SOE). Durante esse espaço de tempo o doente apresentou agravamento franco do estado geral tendo acabado por falecer há data do diagnóstico, sem que tivesse sido possível instituição de terapêutica. Conclusão: Os LCTP, SOE são o subtipo mais frequente de LCTP no ocidente. Os sintomas são muitas vezes inespecíficos e relacionados com disfunção imunológica global, com fenómenos que mimetizam doenças infeciosas e autoimunes. O diagnóstico é portanto difícil e baseia-se na análise histológica meticulosa de biópsia excisional de gânglio linfático. O prognóstico é mau, com mortalidade elevada em meses na ausência de instituição de quimioterapia, dependendo de um diagnóstico correto numa fase precoce da doença. No caso especifico desde doente, a corticoterapia pode ter sido um fator de acréscimo à dificuldade diagnóstica.