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FATORES PROMOTORES DA QUALIDADE DE VIDA NO DOENTE TERMINAL
Cuidados paliativos - Comunicação
Congresso ID: CO055 - Resumo ID: 1723
Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
Emanuel Cadavez, Márcia Mendonça, Anabela Morais
Introdução:
Os Cuidados Paliativos promovem o conforto, a dignidade e a qualidade de vida de doentes com patologia incurável e progressiva. A qualidade de vida é um conceito abstrato e subjetivo, podendo ser definida genericamente como a perceção do indivíduo sobre a sua posição na vida. Neste contexto, a avaliação da qualidade de vida é de particular importância, permitindo monitorizar intervenções, ajustar estratégias e fornecer informação com valor prognóstico e de sobrevida. Existem diversos instrumentos para a sua avaliação, entre os quais o “Palliative Care Outcome Scale” (POS).
Objetivo:
Identificar fatores com impacto na qualidade de vida do doente terminal.
Material e Métodos:
Estudo descritivo e transversal, realizado na Unidade de Cuidados Paliativos (UCP) do Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro (CHTMAD). A amostra foi composta por 50 doentes portadores de doença crónica, evolutiva e incurável, provenientes de diferentes serviços do CHTMAD, admitidos na UCP num período de 4 meses. Critérios de inclusão: doente estável, com cognição preservada e consentimento informado. Foi aplicada a escala POS nas 24 horas após a admissão. A análise dos dados foi realizada com recurso ao pograma Excel.
Resultados:
O sexo masculino representava 58% da amostra. A idade variou entre os 43-92 anos, em que 52% tinham idade ≥70 anos. Predomínio dos doentes com doença oncológica avançada (80%).
O índice de POS na amostra variou de 5 a 33, com um valor médio na amostra de 21,3. Não se verificou diferenças significativas entre géneros. O grupo etário acima dos 70 anos apresentava o menor índice de POS (21,1) em oposição aos doentes na 6ª década de vida (POS 27,1). Os doentes oncológicos apresentavam um índice POS superior (22,3), com variação significativa em função do tipo de neoplasia. Os doentes não oncológicos apresentam um POS inferior (17,2), apresentando os doentes com cirrose hepática os melhores índices POS (14).
A grande maioria dos doentes (84%) referia dor não controlada, o que se associou a piores índices POS. Verificou-se também relação entre a intensidade de sintomas específicos ( ansiedade e a anorexia) e a qualidade de vida global dos doentes. A insónia, dispneia e tosse não apresentaram impacto na qualidade de vida
Conclusões:
O mau controlo sintomático em doentes internados portadores de doença terminal é uma “triste” realidade. Realça-se o ineficaz controlo da dor, fator com forte impacto na qualidade de vida. Verificou-se também que o controlo da ansiedade e da anorexia, a comunicação adequada e a satisfação das necessidades existenciais e espirituais são relevantes na promoção da qualidade de vida.
Os melhores índices de POS verificados na população mais idosa interpretam-se, pelo fato da perceção da morte ser uma experiência profundamente individual, em que os idosos experienciam uma aceitação dependente da satisfação auferida com a vida já vivida.