Hospital do Divino Espírito Santo, EPE, Ponta Delgada, Portugal
Luís Tavares, Mariana Oliveira, Pamela Ferreira, Luís Dias, Manuela Henriques, Clara Paiva, Humberto Costa
A sépsis é um motivo de internamento frequente, que acarreta uma elevada mortalidade e custos médicos elevados. O diagnóstico atempado, a identificação do foco e a instituição de antibioterapia dirigida ao agente suspeito são necessárias de forma a melhorar o outcome dos doentes.
O objetivo deste estudo foi conhecer a realidade do Serviço de Medicina Interna (SMI) de um hospital central no que diz respeito ao número de doentes internados com o diagnóstico de sépsis, focos principais, microrganismos isolados, antibioterapia efetuada e prognóstico seja a mortalidade intra-hospitalar e outcome aos 6 meses e 1 ano.
Para isso foram analisadas as notas de alta de 2 enfermarias do SMI, deste hospital, durante o período de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2017, tendo como principal filtro o diagnóstico principal de sépsis ou choque séptico.
Como resultados obtiveram-se 97 doentes, dos quais 56.7% eram do sexo feminino. A idade média dos doentes foi de 72 (± 15) anos. 43,3% tiveram o diagnóstico de choque séptico e 18.6% necessitaram de internamento em Cuidados Intermédios ou Cuidados Intensivos.
Nas comorbilidades mais frequentes destacam-se hipertensão arterial (61.9%), diabetes mellitus tipo II (35.1%), fibrilhação auricular (33%) e insuficiência cardíaca (32%).
O foco mais comum foi urinário, com 47.4% dos casos, nos quais o agente mais frequentemente isolado foi Escherichia coli não produtora de beta-lactamases em 47.8% dos casos, seguido de foco respiratório, com cerca de 27.8% dos casos, sendo que na maioria não se isolou agente causador.
Em termos de antibioterapia, os antibióticos empíricos mais utilizados foram as cefalosporinas (ceftriaxone em 26.8% e cefuroxima em 18.6% dos casos), seguidas por piperacilina-tazobactam (24.7%).
No que diz respeito à mortalidade, 13,4% dos doentes faleceram durante o internamento, sendo o outcome de sobrevivência a 6 meses e a 1 ano de 91.5% e 84.1%, respetivamente.
Conclui-se que a sépsis é um motivo de internamento importante com (6.4% do total de internamentos). A mortalidade intrahospitalar foi semelhante à descrita na literatura, no entanto assumindo o contexto de internamento numa enfermaria de Medicina Interna, assume-se que estes doentes provavelmente tenham menos critérios de gravidade que doentes numa unidade cuidados intensivos ou intermédios, e, portanto, com menor mortalidade expectável. A sobrevida a 6 meses e a 1 ano foi superior à descrita na literatura.
Estudos semelhantes de casuística, nas nossas enfermarias de Medicina Interna, são importantes para reconhecermos a importância deste diagnóstico e para relembrar a necessidade de otimizarmos as nossas atitudes e terapêuticas nestes casos.