Paulo Almeida, João Gomes, Ana Raquel Silva, Ana Araújo, Rafaela Veríssimo
Introdução: As Síndromas Geriátricas (SG) são condições de saúde frequentes nos idosos e que são responsáveis por incapacidade funcional, compromisso de autonomia e problemas emocionais e sociais. Os eventos de educação para a Saúde (EES) são oportunidades para a promoção de um envelhecimento ativo e saudável e para o diagnóstico precoce de alterações cognitivas e funcionais, sobretudo em países com índice de envelhecimento elevado como Portugal.
Objetivo: Caracterização sociodemográfica e avaliação da prevalência de deterioração cognitiva (DC), fragilidade e sarcopenia em idosos que participaram num EES intitulado “Festa da Saúde”.
Material e Métodos: Estudo transversal através do rastreio de indivíduos recrutados aleatoriamente, com idade superior a 65 anos e que participaram num EES realizado durante dois dias. O aconselhamento e promoção de hábitos de vida saudáveis foi realizado por médicos. As SG avaliaram-se através dos seguintes testes: Mini-Exame do Estado Mental (MMSE) para a deterioração cognitiva; questionário PRISMA 7, velocidade da marcha (VM), Timed Up and Go test (TUGT) e força de preensão palmar (FPP) para a fragilidade; e perímetro geminal e braquial para a sarcopenia. Análise estatística com SPSS (v.25.0).
Resultados: Observaram-se 124 indivíduos com idade média 74,5±6,1 anos, sendo que 58,9% eram do sexo feminino (n=73). Através do MMSE detetou-se DC em 11,8% dos indivíduos com mais de 11 anos de escolaridade (n=17; 13,7%) e em 4,9% daqueles com menos de 11 anos de escolaridade (n=102;82,3%). Cerca de 40% dos analfabetos (n=5;4,0%) tinham DC. A velocidade média da marcha foi de 1,1±0,3m/s e 17,7% (n=22) dos indivíduos apresentaram VM inferior a 0,8m/s. O tempo médio do TUGT foi de 9,8±2,7segundos, sendo que 37,1% (46) tiveram TUGT superior a 10 segundos. O valor médio do questionário PRISMA 7 foi de 0,9±0,8pontos e 3,2% (4) pontuaram mais de 3 pontos, considerando-se em risco de fragilidade. O valor médio da FPP foi de 20,4±7,1Kgf. Quanto à avaliação da sarcopenia, 5,6% dos indivíduos apresentavam um perímetro braquial inferior a 21cm, sendo o valor médio de 28,7±3,3cm. Em 12,1% dos indivíduos identificou-se um perímetro geminal inferior a 31cm e o valor médio foi de 35,2±3,4cm.
Conclusões: A prevalência de DC na amostra analisada (7,3%) corresponde aproximadamente à descrita na literatura. Salienta-se que o rastreio cognitivo permite a identificação de DC e a orientação precoce de mais doentes. De acordo com o PRISMA 7, a fragilidade não foi uma condição prevalente (3,2%). Concomitantemente, a sarcopenia também não foi uma SG prevalente na amostra. Relativamente à prevalência de fragilidade física, realça-se que os dois testes utilizados demonstraram resultados diferentes (VM 17,7% e TUGT 37,1%). Ainda assim considera-se que são eficazes na identificação de indivíduos em risco de redução da performance física. Apesar de existir um viés de seleção no rastreio de indivíduos idosos em EES, existe benefício na sua realização.