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UMA MANIFESTAÇÃO INCOMUM DE SÍNDROME PARKINSÓNICO
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P619 - Resumo ID: 1756
Hospital do Divino Espírito Santo
Magda Sofia Ventura, Mariana Santos, Miriam Cimbron, Clara Paiva
A doença de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa comum, cujo diagnóstico depende maioritariamente de critérios clínicos. As suas manifestações clínicas mais frequentes são o tremor, a bradicinesia e a rigidez muscular. Contudo, é necessário ter atenção a sintomas menos comuns, de modo a diagnosticar corretamente esta patologia e, assim, instituir terapêutica adequada.
Homem de 76 anos, autónomo, residente no Canadá, com antecedentes de doença coronária, hipertensão arterial e dislipidemia. Recorreu ao serviço de urgência 3 vezes em duas semanas, por quadro de soluços persistentes e resistentes a medicação; concomitantemente, com quadro de astenia, dificuldades na marcha e lentificação psicomotora de agravamento progressivo, com cerca de 3 meses de evolução. Segundo a esposa, esteve internado 2 meses antes em hospital no Canadá por quadro de distonia em “contexto provável de desidratação” sic. Já havia cumprido terapêutica com omeprazol, metoclopramida, domperidona e cloropromazina, sem melhoria. Foi internado no Serviço de Medicina Interna para esclarecimento de soluços persistentes. Do estudo realizado, salienta-se endoscopia digestiva alta, TAC de crânio e TAC torácica sem alterações. Analiticamente, sem desequilíbrios hidroeletrolíticos, função tiroideia normal e enzimas hepáticas normais. Por apresentar, ao exame objetivo, hipomimia facial, marcha de pequenos passos e presença de roda dentada à mobilização passiva dos membros superiores, foi observado por Neurologia - foi efetuado o diagnóstico de síndrome parkinsónico, constituindo os soluços uma manifestação do mesmo; quadro agravado por iatrogenia da metoclopramida e cloropromazina (que iniciou para tratamento dos soluços). Denotada grande melhoria clínica com início de terapêutica dirigida à síndrome de Parkinson com levodopa/carbidopa.
Estudos sugerem que os soluços são mais frequentes em indivíduos com doença de Parkinson do que em controlos saudáveis, não se encontrando bem esclarecido se em relação com a própria patologia ou se com o seu tratamento. Muitos dos fármacos utilizados para melhorar este sintoma estão formalmente contraindicados na doença de Parkinson, pelo seu potencial de agravamento dos sintomas motores, o que torna os soluços debilitantes e problemáticos nestes indivíduos.