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SÍNDROME MALIGNO DOS NEUROLÉPTICOS – A IMPORTÂNCIA DA SUSPEIÇÃO CLÍNICA
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P652 - Resumo ID: 1764
ULSAM - Hospital de Santa Luzia - Viana do Castelo
Rosana Maia, Inês Grenha, Joana Fontes, Pedro Pinto, Miguel Costa, Duarte Silva, Edgar Torre, Lourdes Vilarinho, Diana Guerra
Introdução: O Síndrome maligno dos neurolépticos (SMN) é um efeito adverso raro (0.02-3%) da terapêutica antipsicótica, constituindo uma emergência neurológica ameaçadora de vida. Apresenta-se classicamente com alteração do estado mental, hipertermia, rigidez e disautonomia. No entanto, torna-se importante excluir causas metabólicas, tóxicas, infeciosas ou cerebrovasculares.
Caso Clínico: Homem, 59 anos, com Esquizofrenia, medicado cronicamente com haloperidol decanoato (HD), é trazido ao Serviço de Urgência (SU) a 12/11 por crise epiléptica tonicoclónica generalizada, com incontinência de esfíncteres, mordedura da língua e desorientação com alguns dias de evolução. Exame objetivo: Não colaborante, abertura ocular com estímulos verbais, resposta verbal escassa. Pupilas isocóricas e fotoreativas. Não cumpre ordens. Aparentemente sem défices motores ou sensitivos. TA 164/81 mmHg, FC 95 bpm, SatO2 92%, Apirético. AC: S1 e S2 presentes, rítmicos, sem sopros audíveis. AP: sons respiratórios presentes bilateralmente, com roncos dispersos. Edemas periféricos. Analiticamente: Leucócitos 14.39x10^9/L, Na 113 mmol/L, DHL 280 U/L, CK 241 U/L, PCR 0.26 mg/dL, alcoolemia negativa. Gasometria arterial (FiO2 21%): pH 7.44, pCO2 33 mmHg, pO2 64 mmHg, HCO3 22.4 mmol/L, SatO2 93%, Lactatos 2 mmol/L. Eletrocardiograma: ritmo sinusal, frequência 80/min. Internado na Unidade de Cuidados Intermédios Polivalente (UCIP). A 13/11, febre (T 38.1ºC) e rigidez generalizada. Radiografia de tórax: reforço hilar bilateral, sem infiltrados ou hipotransparências evidentes. Sedimento urinário: sem alterações. Colheita de hemoculturas. Perante a presença de febre e alteração do estado de consciência, colocada hipótese de Infeção do SNC, tendo realizado punção lombar, sem citoquímica compatível. Repetidas análises: CK 1424 U/L. Colocada hipótese de SMN, sendo admitido por este motivo na Unidade de Cuidados Intermédios. Medicado com diazepam, dantroleno e fluidoterapia, com melhoria clínica e analítica. Por rotura de stock, alterado dantroleno para bromocriptina. Como intercorrência: celulite e tromboflebite do membro superior direito. Dada estabilidade clínica, transferido para a enfermaria. Boa evolução clínica, tendo tido alta no seu estado habitual, orientado para consulta de Psiquiatria.
Discussão: A identificação da população em risco e o alto índice de suspeição são os fatores-chave na prevenção da morbilidade e mortalidade desta patologia, dado não existir nenhum teste laboratorial que faça o diagnóstico exato. A maioria dos doentes recupera sem sequelas neurológicas, caso ocorra um diagnóstico e tratamento precoces. Os autores pretendem realçar a importância da suspeição clínica, assim como a necessidade de estudos para uma melhor abordagem da doença.