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QUANDO UMA CAUSA INOCENTE DE INTERNAMENTO REVELA O INESPERADAMENTE GRAVE
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P712 - Resumo ID: 1765
Hospital de Braga
Joana Sotto Mayor, Isabel Eira, Renata Carvalho, Cindy Tribuna, Cristina Cruz da Ângela, Carlos Capela

Doente de 76 anos, sexo feminino, ex-trabalhadora numa pedreira. Antecedentes Pessoais: doença pulmonar obstrutiva cronica, Hipertensão pulmonar; policitemia. Recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de dispneia em repouso/pequenos esforços com um mês de evolução, associada a cianose labial e agravamento do padrão habitual de tosse produtiva de esputo mucopurulento. Sem outras queixas de órgão ou sistema. Teria recorrido outras vezes à urgência pelo mesmo motivo mas tendo tido sempre alta. Exame objectivo: Polipneia, cianose labial, auscultação pulmonar: sons respiratórios presentes bilateralmente com sibilância expiratória. Gasimetria com insuficiência respiratória tipo 1. Analiticamente: Hb 18,5; hematócrito 53,6%; leucócitos 16200; neutrófilos 80,7%; plaquetas 585000; PBNP 5121;PCR 47. Tomografia tórax:“(…)no parênquima pulmonar são aparentes formações nodulares de pequenas dimensões, pericentrimetricas formando um conglomerado no lobo superior direito. A hipótese destes nódulos traduzirem lesões neoplásicas secundárias tem que ser considerada, podendo no entanto a etiologia ser infecciosa/inflamatória (…)”. Internada a doente por pneumopatia bilateral com insuficiência respiratória tipo 1; e insuficiência cardíaca descompensada. Admitindo o processo infeccioso pulmonar a doente iniciou antibioterapia com levofloxacina, no entanto a melhoria da insuficiência respiratória apesar de verificada, nunca permitiu suspensão de oxigenoterapia. Para melhor esclarecimento pedido Angio-TC toraco-abdomino-pelvico, que para além de poder excluir tromboembolismo pulmonar permitiu estudo de eventual orientação caso os nódulos tivessem etiologia neoplásica secundária. O desfecho foi o pior: “(…)sinais de tromboembolismo a nível da artéria pulmonar principal direita (…) no rim direito pequena formação nodular com cerca de 2x2,3cm de maior diâmetro, com crescimento exofítico, heterogénea e que apresenta captação de contraste compatível com processo neoformativo(…)”. Portanto, neoplasia primária do rim, com metastização pulmonar e já com evento paraneoplasico associado. Realizou biopsia da massa renal cuja histologia revelou carcinoma de células claras. Dado o estado clinico da doente e estadio avançado da doença, esta foi apena proposta para tratamento de suporte.
Casos como este fazem refelectir a importância da minuncia da investigação clinica, não descartando todos os indícios objectivados, até porque muitas são as entidades com evolução silenciosa e insidiosa que por si só justificam uma panóplia de sintomas.