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FILARÍASE - UMA DOENÇA ENDÉMICA
Doenças infeciosas e parasitárias - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG022 - Resumo ID: 176
Centro Hospitalar de São João, Serviço de Medicina Interna
Inês Ferreira, Ana Monteiro, Manuela Dias, Jorge Almeida
Doente do sexo masculino, 25 anos, recorre à consulta por edema do membro inferior direito há 2 anos. Natural e residente na Guiné-Bissau. Associava o início do quadro a uma lesão interdigital no pé ipsilateral durante um jogo de futebol. Drenagem purulenta pela ferida durante várias semanas, e dificuldade na cicatrização. Não realizou cuidados de penso. Referência a vários episódios agudos de sinais inflamatórios da perna.
Desde então foi medicado com múltiplos ciclos de antibióticos, nomeadamente com trimetoprim/sulfametoxazol e doxiciclina, sem efeito. Pelo contrário, agravamento progressivo do edema e hiperqueratose cutânea progressiva.
Dada a exposição epidemiológica, as manifestações clínicas e o tempo de evolução, feito o diagnóstico de elefantíase por filaríase crónica.
A filaríase linfática é a causa mais comum de linfedema nos países endémicos. É causada por nemátodos que invadem os tecidos linfáticos. A infeção é transmitida pela picada de mosquito.
As larvas adultas causam patologia mecânica e danificam a drenagem linfática, levando eventualmente ao desenvolvimento de linfedema. A lesão dos vasos linfáticos predispõe a infeções bacterianas (que têm como porta de entrada lesões que afetam a integridade da pele) que causam ataques agudos recorrentes de dermatolinfangioadenite aguda. Isto associa-se a progressão do linfedema.
O diagnóstico é feito na maioria das vezes pela clínica e contexto epidemiológico. Após o estabelecimento do linfedema, a maioria dos testes laboratoriais é negativo.
O tratamento de escolha da filaríase linfática é a dietilcarbamazina em dose única, pelo seu efeito micro e macrofilaricida, prevenindo o desenvolvimento das complicações crónicas. No entanto, quando o linfedema está estabelecido, o tratamento é apenas de suporte (massagem, uso de meias de compressão). O tratamento dos surtos de dermatolinfangioadenite aguda passa por antibióticos. O seu tratamento é importante, já que a sua ocorrência leva à progressão do linfedema.