23

24

25

26
 
´UM GIGANTE SILENCIOSO´ - A PROPÓSITO DE UM VOLUMOSO TUMOR DE GRAWITZ
Doenças Renais - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG248 - Resumo ID: 1781
Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central
Claudina Cruz, Mário Ferraz, André Goulart, Rui Barata, Mariana Popovici, Mariana Martins, Matilde Fragra, Paolo Iacomini, Jorge Fernandes, Eunice Patarata, Claudia Mihon, Ana Rodrigues, Catarina Pereira, António Panarra
Introdução: O carcinoma de células renais, conhecido por tumor de Grawitz, representa 3% das neoplasias do adulto e a 10ª causa de morte por cancro. A incidência parece ter aumentado cerca de 30% nas últimas duas décadas, sobretudo, pela crescente utilização de exames de imagem que têm permitido o diagnóstico precoce de forma incidental em mais de 50% dos casos. Atualmente é rara a apresentação pela tríade clássica: dor e massa abdominal e hematúria.

Caso clínico: Doente de 61 anos, sexo masculino, melanodérmico, autónomo, carga tabágica de 6 UMA. Recorreu à urgência por queixas com 6 meses de evolução: febre vespertina, hipersudorese noturna, perda de 14% do peso corporal, dor tipo moinha no flanco direito, tumefação inguinal direita com agravamento progressivo e hematúria macroscópica indolor. Ao exame objetivo: GCS 15, emagrecido, pálido, sem adenomegalias ou tiróide palpáveis. Apresentava hérnia inguinal redutível e varicocelo à direita, massa mole e dolorosa no flanco direito. Analiticamente: anemia normocítica e normocrómica e trombocitose. Elevação da PCR (179) e VS (93), hiperglobulinémia policlonal. TC-TAP + Uro-TC: volumosa massa renal direita com 20cm de maior diâmetro, com desvio esquerdo dos órgãos abdominais, sem trombose venosa, invasão local ou metastização. Foi submetido a nefrectomia radical direita. Peça histológica compatível com carcinoma renal de células claras com diferenciação rabdóide, grau histológico G4, estadio pT3N0M0R1.

Discussão: O carcinoma de células claras é o tipo mais comum de carcinoma de células renais (80%), mais frequente no sexo masculino (2:1) e com pico de incidência entre 50-70 anos. A evolução é indolente e com semiologia variável. A tríade clássica é rara (10%) e sugere neoplasia avançada. Com a crescente utilização de exames de imagem seria pouco expectável o diagnóstico de um volumoso tumor Grawitz. Importa realçar um elevado grau de suspeição clínica em doentes com sintomas constitucionais com evolução prolongada.