23

24

25

26
 
NÓDULO PULMONAR ISOLADO....
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P485 - Resumo ID: 1782
Centro Hospitalar de Lisboa Central
Miguel Martins, Francisca Martins, Mariana Silva, Eugénio Teófilo
Introdução: O diagnóstico diferencial em doentes imunodeprimidos revela-se como um dos maiores desafios para qualquer internista, dada a escassa sintomatologia nestes doentes, bem como a enorme variedade de microorganismos que podem afetar estes doentes.

Caso clínico: Homem de 66 anos, com diagnóstico de HIV-2 desde 1993, que apesar de cumprir a terapêutica anti-retroviral e apresentar cargas virais baixas, valor de células CD4+ era de 32 Cells/ul. Apresenta ainda dismielopoiese associada ao HIV e antecedentes de tuberculose pulmonar, pneumocistose e leishmaniose visceral.
Em maio de 2017, por queixas de perda ponderal sustentada, realiza uma tomografia computorizada (TC) do tórax que desvenda, no segmento posterior do Lobo Superior Direito pulmonar, uma lesão nodular de contornos irregulares, com pequena área de broncograma aéreo à periferia, avaliada em 15 x 10 mm. Dada as características da lesão, é sugerida reavaliação a curta prazo para exclusão de malignidade.
Passados 6 meses, realiza nova TC que constata desaparecimento da lesão nodular anterior, tendo surgido aproximadamente na mesma topografia, lesão cavitada, com 22 x 13 mm, de parede espessa e contorno externo irregular. Apresentava ainda outras lesões cavitadas de menor tamanho e padrão de padrão de “árvore em botão”. Dada semiologia e antecedentes do doente, imunodeprimido, o diagnóstico de tuberculose pulmonar apresentava-se como o mais provável em detrimento de patologia oncológica
O doente realizou broncofibroscopia (BFC), com lavado bronco-alveolar (LBA) negativo para culturas de bactérias, bacilos de Kock, micobactérias e micológicos negativos.
Em março de 2018, o doente mantinha a perda ponderal. Apresentava igualmente pancitopenia e esplenomegalia. Tendo em conta o quadro e os antecedentes, e apesar de rara, foi equacionada a possibilidade de atingimento pulmonar no contexto de recidiva de leishmaniose visceral. A biópsia medular para pesquisa de leishmânia mostrou-se negativa. Nesta altura, opta-se por internamento e realização de nova BFC. Foi feita pesquisa de cryptococcus neoformans, que se mostrou negativa. O único resultado positivo no LBA foi Antigénio Galactomannan. Foi feito o diagnóstico provável Aspergilose invasiva pulmonar (AIP) subaguda em doente com aspergilose pulmonar cavitária crónica (APCC). O doente foi medicado com voriconazol oral, com boa resposta ao tratamento.

Conclusão: Apesar da marcha diagnóstica complexa, foi possível tratar o doente com sucesso. Destaca-se que o sintoma mais comum, que surge muitas vezes isolado, da APCC é a perda de peso, e que o diagnóstico definito de AIP exige uma cultura positiva – algo que não aconteceu neste caso.