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APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE ENDOCARDITE, A PROPOSITO DE UM CASO CLÍNICO
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P533 - Resumo ID: 1786
ULS Castelo Branco - Hospital Amato Lusitano
Joana Carvalho, Filipa Leitão, Cleopatra Goric, Manuel Carvalho, Maria Eugénia André
Introdução: A endocardite infecciosa (EI) é uma forma grave de doença valvular. É uma doença rara, com um registo de incidentes de 3 a 10 episódios por 100 000 pessoas por ano. Geralmente está associada a um mau prognóstico e a uma mortalidade elevada, apesar dos grandes avanços nos procedimentos diagnósticos e terapêuticos.
Homem, 62 anos, instrutor de condução, com antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, não insulino-tratada, hipertensão arterial e doença pulmonar obstrutiva crónica. Com alergia conhecida à penicilina. Recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por febre e tosse seca com 10 dias de evolução. Cumpriu 7 dias de Levofloxacina em ambulatório, sem melhoria do quadro. Referiu picos febris de 38.5ºC, ao final da tarde e durante a noite, com suores associados. Ao exame objectivo no SU encontrava-se febril com temperatura timpânica de 38.8ºC, hipotenso com frequência cardíaca de 93 batimentos por minuto e com boas saturações periféricas. Auscultação cardíaca com tons hipofonéticos e auscultação pulmonar sem alterações de relevo. Membros inferiores ligeiramente edemaciados. Analiticamente com anemia normocítica normocrómica, lesão renal aguda e discreto aumento dos parâmetros de inflamação, nomeadamente, PCR. Dos exames complementares de diagnóstico é de salientar prova de tuberculina, que foi negativa e 2 hemoculturas que revelaram crescimento de Streptococcus gallolyticus. Ecocardiograma transtoracico relevou válvula mitral de folhetos ligeiramente espessados, regurgitação mitral severa (muito turbulenta, ao longo da parede lateral da aurícula esquerda). Posteriormente, realizou ecocardiograma transesofagico observando-se insuficiência mitral moderada a severa. Não se detectaram imagens sugestivas de vegetação endocárdica a nível valvular. Visualizaram-se sim 2 imagens móveis, arredondadas, com localização a nível do endocárdio do apex (dimensão maior de 1 cm e outra de 0,7 cm). Atendendo ao contexto clínico e laboratorial deveriam corresponder a vegetações endocárdicas. Assumiu-se o diagnóstico de endocardite infeciosa e iniciou-se antibioterapia dirigida com Ceftriaxone e Gentamicina, com melhoria do quadro clinico.
Em regime de ambulatório o doente realizou colonoscopia que não demonstrou alterações.
Conclusão: A incidência de EI mantém-se inalterada embora com redução importante dos casos de endocardite associada a cardiopatia reumática. Apesar do diagnóstico e do tratamento da EI, as taxas de mortalidade a 6 meses ainda se aproximam dos 25%. Streptococcus e estafilococos são a causa de mais de 80% dos casos. A identificação de S. gallolyticus deverá sempre levar à investigação de neoplasia do cólon.