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“POTT´S PUFFY TUMOR”: UMA COMPLICAÇÃO GRAVE DA SINUSITE AGUDA
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P584 - Resumo ID: 1806
Hospital de Espírito Santo de Évora, Centro Hospitalar Universitário de São João
Gonçalo Santos, Ana Monteiro, Maria Duarte, Inês Ferreira, Beatriz Leão, Luís Malheiro, João Nuak, Susana Silva, António Sarmento
Introdução: A sinusite é uma patologia comum, cujas complicações se tornaram raras desde o advento dos antibióticos. Embora incomuns, estas complicações estão associadas a elevada morbi-mortalidade e incluem a celulite da órbita, o empiema cerebral e o tumor de Pott, uma tumefação mole frontal que traduz coleção abcedada suprajacente a osteomielite. O grau de suspeição deve ser maior nos doentes com sinusite crónica ou recorrente e nos imunocomprometidos.
Caso Clínico: Apresenta-se um caso de um homem de 27 anos, que recorreu ao serviço de urgência por cefaleia frontal associada a edema palpebral e dor ocular direita com um mês de evolução. Como antecedentes relevantes, fora submetido a cirurgia aos seios perinasais 2 anos antes e recentemente tivera comportamentos sexuais de risco. Objetivamente apresentava-se apirético, com edema e rubor palpebral do olho direito, dor com os movimentos oculares e diplopia na posição primária do olhar. A fundoscopia era normal. Não apresentava alterações no exame neurológico sumário. No estudo analítico, de salientar leucocitose com neutrofilia e elevação da PCR, com serologia VIH negativa. Realizou TC cerebral e das órbitas, que revelou opacificação por material com densidade de tecidos moles dos seios frontais e labirinto etmoidal direito com desmineralização e erosão óssea destas estruturas. Esta colecão apresentava extensão à órbita direita com apagamento da gordura pré e pós-septal e à cavidade endocraniana, sugerindo empiema extra-axial fronto-orbitário direito. Foi submetido a drenagem cirúrgica desta coleção, com saída abundante de pús que foi enviado para análise microbiológica. Foi internado e iniciou antibioterapia empírica com meropenem e vancomicina. Após 7 dias sem identificação de qualquer patogéneo, a antibioterapia foi alterada para ceftriaxone e metronidazol em dose meníngea e anfotericina-B. Suspendeu anfotericina-B após 8 dias dada a ausência de identificação de fungos na anatomia patológica. A TC de controlo realizada às 6 semanas de terapêutica revelou resolução da coleção extra-axial e da órbita direita, mantendo preenchimento dos seios frontais e das células etmoidais, sobretudo à direita. Não foi possível isolar qualquer agente nos estudos microbiológicos realizados. Após cumprir um total de 6 semanas de antibioterapia empírica, considerando a boa evolução clínica, analítica e imagiológica, o doente teve alta para a consulta externa, mantendo-se assintomático.
Discussão: Apesar da sua raridade, o tumor de Pott é uma complicação grave de uma infeção comum que requer um diagnóstico célere e a instituição de terapêutica médica e cirúrgica agressiva. Para o diagnóstico é essencial a TC, que permite a localização da coleção e a sua drenagem cirúrgica. Após se obter o controlo de foco é necessário instituir antibioterapia adequada, com cobertura de anaeróbios. Esta deve ser mantida durante um período não inferior a 6 semanas.