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ENTEROCOLITE NEUTROPÉNICA: UMA COMPLICAÇÃO POTENCIALMENTE FATAL
Doenças digestivas e pancreáticas - Caso Clínico
Congresso ID: CC028 - Resumo ID: 1807
Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal
Pedro Ribeirinho Soares, Carla Andrade, Diana Ferrão, Catarina Pereira, José Marques, Fernando Nogueira, Jorge Almeida.
Introdução
A enterocolite neutropénica traduz um processo inflamatório que provoca lesão da mucosa intestinal, ocorrendo primariamente em doentes neutropénicos. A presença de neutropenia grave, associada a lesão da mucosa intestinal por fármacos citotóxicos e a alteração da resposta imune constitui, provavelmente, a tríade fisiopatológica responsável pelo seu aparecimento. Esta entidade surge em cerca de 3,5% dos doentes com neutropenias graves. Alguns fatores que parecem predispor ao aparecimento da enterocolite neutropénica são as anomalias do tubo digestivo (doença diverticular do cólon, cirurgias e neoplasias prévias da cavidade abdominal) e a existência de episódios prévios desta doença.

Caso Clínico
Homem de 40 anos com história de coriocarcinoma gástrico estadio IV, no terceiro ciclo de quimioterapia . Admitido por dor abdominal referida aos quadrantes inferiores, associada a náuseas e anorexia. Analiticamente constatada pancitopenia: leucopenia (0,80x10^9/L) com neutropenia grave (80 neutrófilos/uL), anemia (Hb 10.5 g/dL) e trombocitopenia grave (35 000); proteína C-reactiva de 432 mg/L. Ecografia abdominal documentou espessamento parietal de algumas ansas intestinais. A tomografia computadorizada (TC) abdominal confirmou os achados, demonstrando espessamento parietal difuso das ansas do íleo, com densificação da gordura envolvente. Iniciou terapêutica com filgastrim e antibioterapia empírica com piperacilina/tazobactam. Apresentou melhoria clínica progressiva e recuperação das contagens hematológicas, tendo tido alta após estabilização clínica.

Discussão
A enterocolite neutropénica é uma complicação potencialmente fatal, em contextos de neutropenia pós-quimioterapia, tanto em neoplasias hematológicas como em neoplasias sólidas.
O reconhecimento desta patologia é fundamental dado a crescente utilização de terapêuticas citotóxicas, por forma a permitir a instituição de terapêutica adequada e despiste de eventuais complicações.