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SEROSITES: UMA MANIFESTAÇÃO EXTRAINTESTINAL DA DOENÇA DE CROHN
Doenças digestivas e pancreáticas - E-Poster
Congresso ID: P218 - Resumo ID: 1811
Serviço de Medicina Interna do CHTMAD- Hospital de Chaves
Sofia Perdigão, Ana Morais Alves, Cristiana Sousa, Marta Laíz, Ricardo Veloso, Paula Vaz Marques, Xavier Saldarriaga
Introdução: A doença de Crohn (DC) é uma patologia inflamatória crónica caracterizada por inflamação transmural do tubo gastrointestinal, 50% na forma de ileocolite. Apresenta uma panóplia de sintomas que vão desde manifestações intestinais a extraintestinais, estas mais raras. As serosites, em particular a pericardite, são uma manifestação incomum, e quando presente por vezes pode estar associado ao tratamento com mesalazina. Caso clínico: Homem de 22 anos, autónomo, sem antecedentes de relevo, sem medicação crónica. Antecedentes familiares de patologia autoimune. Em Setembro de 2017 inicia um quadro clínico de dejeções diarreicas e dor na fossa ilíaca esquerda, autolimitado, sem recorrência das queixas. Realiza neste contexto a primeira colonoscopia que descreve colite infecciosa. Em Fevereiro de 2018 apresenta múltiplas idas ao serviço de urgência por dor no hemitórax esquerdo que cedia espontaneamente após 2/3 dias, medicado com analgesia e antibioterapia sucessiva. Em Maio de 2018 recorre ao SU por dor pleurítica no hemitórax esquerdo e febre com 15 dias de evolução. No SU realiza uma tomografia axial computarizada (TAC) tórax que constata “derrame pleural bilateral, simétrico e provável derrame pericárdico”, confirmado posteriormente por ecocardiograma, pelo que é internado. Analiticamente no internamento apresentava discreta leucocitose, proteína C reactiva e velocidade de sedimentação aumentada, hipoalbuminémia, pico alfa1 e alfa2 em imunoelectroforese de proteínas séricas. Do estudo autoimune destacar fator reumatoide positivo e anticorpo xANCA positivo, cumpriu assim, antibioterapia e tratamento dirigido à pericardite. Reinicia em julho episódios de dejecções diarreicas, é internado e cumpre nova antibioterapia e corticoterapia. Em consulta gastroenterologia posterior inicia terapêutica com mesalazina que suspende após 1 mês por mialgias. Em outubro de 2018 apresenta RMN cardíaca que conclui recidiva de pericardite pelo que é novamente internado. O ecocardiograma e TAC torácica confirmaram derrame pericárdico e pequeno derrame pleural à esquerda, pelo que cumpriu novamente tratamento dirigido. Repete após alta colonoscopia em novembro de 2018 que concluiu “ Íleo: erosões aftoides cobertas de exsudato… intercaladas com mucosa normal. Cólon: erosões aftoides…intercalado por mucosa normal… reto encontra-se poupado”. É assim feito o diagnóstico definitivo de DC pelo que reiniciou mesalazina e infusão de infliximab. Discussão: As serosites, nomeadamente a pericardite, constitui uma manifestação extraintestinal rara da DC. O caso apresentado relata serosites na forma de pericardite e derrame pleural como manifestação inaugural de uma DC. Conclusão: Este caso pretende demonstrar que os diagnósticos por vezes não são lineares e evidentes à priori, salientando a importância de ter presente todas as manifestações das doenças inflamatórias intestinais, mesmo as mais raras.