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DELIRIUM, UM PEQUENO GRANDE PROBLEMA
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Comunicação
Congresso ID: CO150 - Resumo ID: 1823
Serviço de Medicina Interna da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano
Tiago Fiúza, Isabel Taveira, Monika Dvorakova, Leonor Gama, Teresa Bernardo, Cláudia Vicente, José Sousa e Costa
Introdução: O delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica transitória e flutuante, com início súbito, que se caracteriza por declínio cognitivo global do nível de consciência e da atenção, atividade psicomotora aumentada ou diminuída, e alteração do ciclo sono-vigília. Pode apresentar-se como delirium hiperativo, hipoativo (o mais frequente e menos frequentemente detetado) e misto. Está relacionado com o aumento da morbimortalidade e condiciona um impacto muito negativo nos doentes, famílias e profissionais de saúde. Apesar disso, a evidência científica para o tratamento do delirium é escassa, sendo preferencial a terapêutica não farmacológica, multidisciplinar, sendo os fármacos intervenções de segunda linha, nomeadamente quando existe comportamento disruptivo.
Objetivos: Identificação/rastreio da incidência de delirium em doentes internados no Serviço de Medicina Interna.
Material e Métodos: Estudo prospectivo, realizado entre 11 e 15 de Fevereiro a doentes internados no Serviço de Medicina Interna. O rastreio foi realizado com recurso à Escala CAM (Confusion Assessment Method), validada em português. O estado neurológico basal e a flutuação do estado de consciência foram avaliados durante as 24 horas prévias a cada observação. A análise estatística foi realizada com IBM SPSS Statistics.
Resultados: Foi avaliado um total de 76 doentes internados, com idade mediana de 81 anos, 54% do género masculino (n=41), perfazendo 249 avaliações, das quais 21% foram positivas (n=53). Dividindo os doentes por faixa etária obtiveram-se 2 grupos, (idade >75 anos e idade ≤75 anos), tendo-se confirmado uma associação estatisticamente significativa (p=0.031) para a ocorrência de delirium nos doentes com >75 anos. Dos 43 doentes internados por causas infecciosas, 13 apresentaram CAM positivo em pelo menos uma das avaliações. Dos 33 doentes com insuficiência renal, 9 também apresentaram CAM positivo. Apesar de a terapêutica com opioides e benzodiazepinas estar associada a aumento de delirium na literatura atual, isso não se verificou na nossa amostra. Por outro lado, nos doentes sob corticoterapia (n=12), apenas 5 se mantiverem com CAM negativo ao longo de todo o período de avaliação. Durante o período do estudo, e apesar das medidas não farmacológicas serem a primeira linha terapêutica (estratégias comportamentais, ambientais e sociais), nenhum doente tinha sido submetido às mesmas, e apenas 11 dos doentes estava medicado com antipsicóticos.
Conclusão: O delirium é uma entidade pouco reconhecida pelos profissionais de saúde, apesar das consequências inerentes. Com este trabalho, os autores pretendem realçar a importância do reconhecimento do delirium, assim como do seu tratamento precoce, para diminuir o seu impacto negativo sobre o doente, família e profissionais de saúde.